Entenda o ‘mar caribenho’ nas praias do Litoral Norte do RS
O mar caribenho, fenômeno que vem surpreendendo visitantes das praias do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, tem despertado curiosidade.
Ignacio Benites Moreno, professor da UFRGS e pesquisador do Ceclimar, esclarece que a coloração esverdeada resulta de fatores como ventos amenos vindos do continente, ausência de chuvas e a influência da Corrente do Brasil. Esses elementos combinados tornam as águas mais calmas, claras e menos oxigenadas.
Moreno detalha que o vento terral, associado à falta de chuvas, reduz a movimentação e mistura das águas, enquanto a Corrente do Brasil traz águas mais quentes e com poucos nutrientes, favorecendo a transparência.
“Isso impede que as águas fiquem turvas ou tenham grande oxigenação, criando esse efeito cristalino,” explica o pesquisador.
Fenômeno cíclico e o retorno do ‘chocolatão’
Apesar do encanto do “mar caribenho”, o tradicional ‘chocolatão’ do litoral gaúcho não está extinto. Essa coloração amarronzada, característica das águas do RS, decorre da presença de algas asteodelopolis, específicas da região.
Adaptadas ao clima local, essas algas utilizam camadas de açúcares para se fixarem na superfície e realizarem a fotossíntese.
Segundo Moreno, o retorno das águas escuras está ligado à volta dos ventos nordestão e das chuvas.
“Esses elementos vão agitar as águas e aumentar o intercâmbio com rios e sangradouros, turvando o mar,” aponta o professor.
Verão e a biodiversidade
O verão no litoral também trouxe registros significativos. Entre 21 e 30 de dezembro, o Corpo de Bombeiros contabilizou 6.555 casos de queimaduras por águas-vivas, contra 2.309 no mesmo período do ano anterior.
Além disso, espécies como golfinhos-pintados-do-Atlântico e golfinhos-nariz-de-garrafa foram observadas, atraídas pelas águas mais quentes.
Enquanto o ‘mar caribenho’ predomina, turistas aproveitam o raro espetáculo natural, que reforça a singularidade do litoral gaúcho.
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