Taxa Selic atinge o maior patamar desde 2006: o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta semana os juros básicos da economia para 15% ao ano, após uma nova alta de 0,25 ponto percentual.
A decisão foi unânime e reflete a preocupação com o avanço da inflação, além do cenário econômico incerto.
Com esse ajuste, a Selic volta a atingir um patamar que não era visto desde julho de 2006, quando estava em 15,25%.
No comunicado divulgado após a reunião, o Copom indicou que a taxa Selic deve ser mantida em 15% nas próximas reuniões, embora não descarte novas elevações, caso a inflação continue a subir.
O Comitê sinalizou que deseja observar os efeitos acumulados das últimas altas, avaliando se o nível atual será suficiente para reconduzir a inflação à meta.
“Caso o cenário esperado se confirme, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para avaliar os impactos já realizados e, assim, determinar se o patamar atual da taxa Selic é compatível com a convergência da inflação à meta”, destacou o texto.
Esta foi a sétima elevação consecutiva da Selic, que saltou de 10,5% em agosto do ano passado para os atuais 15%.
Desde setembro, o Copom realizou aumentos sucessivos: uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5, três de 1 ponto e mais uma de 0,5 ponto percentual.
A taxa Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Em maio, o IPCA foi de 0,26%, acumulando 5,32% em 12 meses — valor acima do teto de 4,5% permitido pela meta contínua de inflação, em vigor desde janeiro. A meta central é de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
No novo sistema de meta contínua, o cumprimento da meta é verificado mês a mês, comparando a inflação acumulada em 12 meses. A mudança torna o monitoramento mais dinâmico e menos concentrado no índice fechado de dezembro.
Segundo o último Relatório de Inflação, o Banco Central elevou a previsão do IPCA para 2025 a 5,1%, mas o número pode mudar conforme o comportamento do dólar, dos combustíveis e da economia internacional.
Já o mercado, segundo o boletim Focus, estima inflação de 5,25% ao fim deste ano, quase 1 ponto acima do teto da meta.
📉 Impactos negativos de uma taxa Selic mais alta
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Crédito mais caro: eleva os juros em empréstimos, financiamentos e cartões.
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Redução do consumo e do investimento: empresas e famílias consomem menos.
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Risco de recessão: o controle da inflação pode desacelerar toda a economia.
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Desigualdade social: os mais pobres enfrentam dificuldade para acessar crédito.
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Aumento da dívida pública: governo paga mais juros, afetando as contas públicas.
📈 Impactos positivos (mais restritos)
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Controle da inflação: desestimula o consumo e reduz a pressão de preços.
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Atração de capital estrangeiro: investidores buscam juros mais altos no Brasil.