Esquecimento do passado – Nilton Moreira
É comum pessoas dizerem: “Como podemos ter vivido outras vidas se não recordamos de nada”! Pois é, havendo Deus entendido de lançar um véu sobre o passado, há assim vantagem, apesar de muitos ainda procurarem regressão á vidas passadas.
Com efeito, a lembrança traria gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou, então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-arbítrio.
Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação nas relações sociais.
Frequentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas as a quem odiara, quiçá o ódio se lhe despertaria outra vez no íntimo.
De todo modo, ele se sentiria humilhado em presença daquelas a quem houvesse ofendido. Para nos melhorarmos outorgou-nos Deus, precisamente, o de que necessitamos e nos basta, a voz da consciência e as tendências instintivas. Priva-nos do que nos seria prejudicial.
Ao nascer, traz o homem consigo o que adquiriu, nasce qual se fez em cada existência, tem um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi antes. Se se vê punido, é que praticou o mal. Suas atuais tendências más indicam o que lhe resta a corrigir em si próprio e é nisso que deve concentrar-se toda a sua atenção, porquanto, daquilo de que se haja corrigido completamente, nenhum traço mais conservará.
As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, advertindo-o do que é bem e do que é mal e dando-lhe forças para resistir às tentações. Aliás, o esquecimento ocorre apenas durante a vida corpórea. Volvendo à vida espiritual, readquire o Espírito a lembrança do passado, nada mais há, portanto, do que uma interrupção temporária, semelhante à que se dá na vida terrestre durante o sono, o qual não obsta a que, no dia seguinte, nos recordemos do que tenhamos feito na véspera e nos dias precedentes.
Portanto, o lembrar de vidas passadas só nos traria dificuldades em concluir objetivos. Buscar regressão á vidas passadas é um grande erro, e ainda corremos o risco de ficarmos com a mente imantada lá no passado.