Esquema desviava aves raras e harpias para criadouros no RS
O tráfico de animais silvestres, um dos crimes ambientais mais graves no Brasil, foi alvo de uma operação deflagrada pelo Ibama, Polícia Federal (PF) e Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) nesta terça-feira (10/12).
Investigações apontam que animais resgatados, reabilitados nos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) e destinados à soltura, eram desviados ilegalmente para criadores comerciais em Minas Gerais e São Paulo.
Entre os animais envolvidos no esquema estava um gavião-real, ou harpia, ave em extinção no Rio Grande do Sul, além de araras e papagaios.
A operação cumpriu seis mandados de busca e apreensão em Porto Alegre e Arroio do Meio, no RS, investigando locais ligados aos suspeitos.
A delegada da Polícia Federal, Jeanie Tufureti, explicou que um particular agia em conluio com dois servidores do Ibama.
“Eles ofereciam os animais, prometendo regularizar a situação para criadores comerciais, mas inseriam informações falsas no sistema do Ibama para legalizar a atividade”, afirmou.
A Polícia investiga as vantagens financeiras recebidas pelos envolvidos, com quebra de sigilo bancário em andamento.
Desvio e papel dos Cetas
Os animais desviados eram frutos de apreensões ou resgates realizados em operações contra o tráfico de fauna.
“O Cetas tem um papel fundamental na reabilitação e devolução dos animais à natureza. A investigação visa garantir que os servidores atuem de forma ética e cumpram sua missão”, completou a delegada.
Em nota, o Ibama reforçou a importância dos Cetas na conservação da biodiversidade.
“Os Centros de Triagem realizam a triagem, recuperação e reabilitação de animais silvestres oriundos de entregas voluntárias, resgates e apreensões relacionadas ao tráfico, devolvendo milhares de animais à natureza anualmente.”
A operação também fiscalizou dez criadouros de fauna e amadores de pássaros silvestres, apontados como beneficiários dos desvios.
O Ibama reforçou seu compromisso com ações estratégicas e rigorosas no combate a crimes ambientais e destacou sua política de tolerância zero contra desvios de conduta.