Estado emite alerta para aumento de casos e mortes no Litoral
Em reunião do Gabinete de Crise desta quarta-feira (6/10), o Grupo de Trabalho de Saúde (GT Saúde) divulgou a emissão de um Aviso para a região Covid de Capão da Canoa, que já havia recebido um na semana passada e foi novamente advertida, devido à piora em indicadores da pandemia.
O Aviso é o primeiro passo do Sistema 3As de Monitoramento, com o qual o governo do Estado gerencia a pandemia no Rio Grande do Sul.
Segundo os técnicos do GT Saúde, as regiões de Novo Hamburgo e Passo Fundo, que receberam Aviso na semana passada, registraram estabilização dos dados, e as demais 18 regiões Covid também estão em situação estável, sem necessidade de advertência.
Capão da Canoa apresentou piora em indicadores como casos confirmados e óbitos, o que demonstra a necessidade de redobrar a atenção para o quadro da pandemia e adotar medidas para conter o crescimento.
A situação é ainda mais delicada por se tratar de uma região em que o fluxo de pessoas deve aumentar com a proximidade do verão e do fim do ano.
“O fato de, entre três regiões, duas terem apresentado estabilização dos indicadores após os Avisos e não terem necessidade de receberem uma nova notificação, demonstra que o Sistema 3As funciona.
Agora, nossas equipes vão acompanhar ainda mais de perto a situação de Capão da Canoa, para prestar a assistência necessária em busca de frear a curva dos indicadores”, destacou o governador em exercício, Ranolfo Vieira Júnior, que comandou a reunião do Gabinete de Crise.
A região de Capão da Canoa teve na última semana uma incidência de 239,5 casos confirmados por 100 mil habitantes, representando um aumento de 44,1% frente à semana anterior.
Isso levou Capão da Canoa a alcançar o pior índice entre as 21 regiões Covid, com taxa 157,8% superior à média estadual. Nos sete dias anteriores a 14 de setembro, foram registrados 367 casos confirmados. Nos últimos sete dias, até 4 de outubro, foram 951 casos.
Em relação a óbitos, a região de Capão da Canoa apresentou taxa de mortalidade acumulada na semana de 3,02 óbitos por 100 mil habitantes, representando um aumento de 9,1% frente à semana anterior.
A taxa também é a pior do Rio Grande do Sul, sendo 101,1% superior à média estadual.
Ao longo da última semana, Capão da Canoa também teve um aumento de 125% de internações em leitos clínicos, entre suspeitos e confirmados.Entre 20 de setembro e 4 de outubro, o número de internados passou de 7 para 27.
Segundo os técnicos do GT Saúde, não houve, ainda, sugestão para o Gabinete de Crise emitir Alerta para Capão da Canoa. Os indicadores seguirão sendo monitorados e, caso os números sigam aumentando, o Sistema 3As poderá exigir novas medidas.
“A vacinação vai ser fundamental para reverter a situação da região. Até porque, ao analisarmos os dados mais de perto, podemos observar que 45,5% das pessoas hospitalizadas por Covid-19 no último mês e residentes na região de Capão da Canoa estavam com o esquema vacinal incompleto e 83% dos casos na faixa etária acima de 60 anos eram não vacinados ou que não haviam recebido a segunda dose necessária para proteção”, afirmou a chefe da Vigilância Epidemiológica do Centro de Vigilância em Saúde (CEVS), Tani Ranieri.
Tani destacou a importância de as pessoas com 60 anos ou mais tomarem a dose de reforço da vacina contra Covid, pois estudos mostram que, após seis meses da administração do esquema primário de imunização, há uma queda dos anticorpos, evidenciando a necessidade de revacinação.
• Acesse os dados e históricos das regiões Covid.
Protocolos e eventos
Além dos indicadores, o Gabinete de Crise debateu pedidos de mudanças em protocolos e autorização de eventos. Uma das deliberações foi sobre a realização de um jogo teste, já divulgado na semana passada, para analisar protocolos adaptados a estádios onde não há locais demarcados com cadeiras, o que é exigido no novo decreto para ampliar o público.
Foi confirmado que o teste será em 9 de outubro, no estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul, que tem espaços híbridos, com cadeiras e arquibancadas, obedecendo às seguintes regras:
1. Público exclusivamente sentado (o que deverá ser cobrado e fiscalizado durante toda a partida).
2. Apresentação de comprovante de vacinação de acordo com calendário de vacinação estadual para público e trabalhadores (Informe Técnico CEVS/SES 16/2021).
3. Teto de ocupação de público: até 30%, com uso principal de espaços com cadeiras.
4. Após esgotados os espaços com cadeira, uso complementar de arquibancadas, com ocupação máxima de 30%, com garantia de distanciamento mínimo de 1 metro em todas as direções entre grupos de até três pessoas (devendo haver marcação no piso e uso intercalado de fileiras, com isolamento).
5. Presença de monitores para fiscalização do cumprimento dos protocolos de distanciamento e uso de máscara da proporção de 1 para cada 100 pessoas no espaço destinado às arquibancadas.
6. Presença de monitores para fiscalização do cumprimento dos protocolos de distanciamento e uso de máscara da proporção de 1 para cada 150 pessoas no espaço destinado às cadeiras.
7. Já que o público total esperado é superior a 2.500 pessoas, é necessária autorização do município sede e da região por no mínimo 2/3 dos municípios da região Covid ou do Gabinete de Crise da região Covid correspondente.
O Gabinete de Crise ainda lembrou que está valendo a regra de transição às atividades que tiveram flexibilização dos protocolos. É possível permanecer utilizando os protocolos anteriores – respeitando todas as regras – até 17 de outubro. No entanto, para ampliar público ou abrir pista de dança, por exemplo, os estabelecimentos deverão exigir comprovação de vacina e/ou testagem e os empreendimentos devem seguir as novas regras conforme o Decreto 56.120, publicado na 3ª edição do Diário Oficial do Estado (DOE) de sexta (1/10).
Texto: Vanessa Kannenberg
Edição: Vitor Necchi/Secom