Expedição monitora doenças em aves migratórias e mosquitos na Lagoa do Peixe
Biólogos e veterinários do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, órgão vinculado à Secretaria da Saúde, estão no Parque Nacional da Lagoa do Peixe, em Mostardas, capturando aves e coletando mosquitos para verificar a presença do vírus causador da Febre do Oeste do Nilo e outros 18 tipos de arbovírus, normalmente transmitidos por esses insetos. Esse trabalho se estenderá até o dia 15 desse mês.
Outro objetivo da expedição, que conta com a parceria do Ministério da Agricultura, Ibama e da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, é pesquisar a presença do vírus da Influenza, transmitido pelo contato de uma ave com outra, e podendo atingir o homem. Trabalhos similares vêm sendo executados na região desde 2002.
Santuário
O Parque Nacional da Lagoa do Peixe é um dos maiores santuários de aves migratórias do Hemisfério Sul, com áreas de matas, banhados e uma lagoa de 40 quilômetros de extensão por 1,5 km de largura. Já foram catalogadas 26 espécies que chegam do Hemisfério Norte e outras 182 que também cruzam o parque.
As aves podem ser portadoras de vários arbovírus e, como a Lagoa do Peixe recebe muitas espécies oriundas de outros continentes, é necessário realizar o controle de doenças e evitar riscos à população. Após a coleta, o material, constituído de sangue e soro, será analisado no Instituto Evandro Chagas, no Pará.
As doenças
No homem, a Febre do Oeste do Nilo pode provocar sintomas parecidos ao da gripe, com febre, dor de cabeça e erupções cutâneas, havendo a possibilidade de ocorrerem complicações como convulsões e paralisia. Efeitos mais severos, como encefalite e meningite, surgem em menos de 1% dos infectados, podendo levar à morte.
A doença é originária da África, como se infere pelo nome, e foi levada através das aves para outros continentes como as Américas Central e do Norte. Em maio desse ano, um caso foi registrado na Argentina, em cavalos.
Os arbovírus (arthropod-borne viruses) são vírus transmitidos por insetos que se alimentam de sangue. Esses vírus, sem causar dano, multiplicam-se no inseto que, com sua picada, o transmite ao hospedeiro (animais vertebrados silvestres). Dos arbovírus isolados no Brasil, 36 causam doença em homens, porém seu verdadeiro papel como agentes sistemáticos de enfermidades em humanos ainda é pouco conhecido, demandando maiores investigações.
Por outro lado, o advento da Influenza Aviária, sua disseminação por vários países da África, Ásia e Europa e a possibilidade de transporte transcontinental pelo fluxo migratório de aves, ampliou o espectro de preocupação com a sanidade das espécies que cruzam o Brasil. Atualmente a Influenza Aviária causada pelo vírus tipo H5N1 já provocou 329 casos confirmados em humanos em 12 países, resultando em 201 mortes. O vírus já foi detectado em aves de 64 países. No entanto, até o momento, não existe registro no Brasil.