Família de mulher assassinada em Cidreira teme represálias e pede acompanhamento do caso pela Comissão de Direitos Humanos
A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa ouviu nesta quarta-feira (16/03) a advogada Juliana Bueno, irmã de Michele Bueno Marques, que teria sido executada pelo companheiro no início de março em Cidreira.
Suspeito do crime, o ex-marido de Michele é policial militar aposentado.
Familiares da vítima denunciam que estão sendo intimidados pelo aposentado, mesmo após ele ter sido detido.
Por solicitação da deputada estadual Luciana Genro (PSOL), a irmã de Michele esteve presencialmente na Comissão, onde relatou aos deputados a angústia da família, que teme sofrer represálias por parte do homem
A Comissão de Direitos Humanos se reunirá com a Procuradoria da Mulher da Assembleia para articular formas de ampliar a rede de proteção à família.
Os deputados aguardam, ainda, que o caso chegue ao Ministério Público, via delegacia de Tramandaí, para solicitar acompanhamento.
A Comissão também irá pedir esclarecimentos do Comando da Brigada Militar, já que há denúncias de que ao ser chamada em diversas ocasiões, a BM não teria conduzido a vítima para a delegacia, prejudicando a realização do Boletim de Ocorrência.
Luciana Genro parabenizou a coragem da família da vítima em fazer as denúncias e destacou que, sendo o acusado um membro da polícia, é ainda mais importante que seja feita justiça, já que esse desfecho trágico é resultado da falha das instituições e da sociedade como um todo.
“Infelizmente toda essa preocupação com a violência contra a mulher expressada na sociedade não tem se traduzido nos números. Poderia ser qualquer uma de nós e as instituições precisam ficar atentas com isso. O caso da Michele não pode ser mais um, deve ser exemplar e devemos conversar com as mulheres para que estejam vigilantes a todas as atitudes machistas que podem levar a uma tragédia como essas,” disse a deputada.
Juliana Bueno relatou que teme pelo bem estar da família e rogou para que possam estar seguros, acolhidos para poderem viver o seu luto. Militante pelos direitos das mulheres, se emocionou ao dizer que perder sua irmã dessa forma brutal e covarde coloca em xeque tudo que sempre acreditou.
“Minha família foi dilacerada pela covardia de um homem treinado e armado. Que a farda não o proteja. Eu acredito na Polícia Militar e espero que a justiça seja feita. Se alguém pode fazer algo são as instituições, Assembleia Legislativa, Defensoria Pública. Que não deixem que a impunidade reine,” pediu Juliana.
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