“Festa de Reis” – Dom Jaime Pedro Kohl
Epifania, para o sentir popular é sinônimo de “Festa de Reis”. Hoje, não se dá mais muita importância. Quem de nós, com mais de cinquenta, não lembra os cantos dos “ternos de reis” que chegavam na noite de 6 de janeiro cantando e pedindo para abrir a porta? Entravam, cantavam, recebiam qualquer coisa e passavam para a casa vizinha. O clima era de festa e muita alegria!
Liturgicamente, Epifania significa “manifestação”, ou seja, mostrar, revelar, tirar o véu, descobrir, trazer à luz. Mas, mostrar o quê? quem? para quem?
O autor da carta aos Hebreus inicia sua reflexão dizendo: “muitas vezes e de muitos modos, Deus falou outrora aos nossos pais, pelos profetas. Nesses dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo” (1, 1-2).
A alusão ao mistério da Encarnação é claríssima. Portanto, o sujeito a ser mostrado é o Menino Deus, o Verbo da vida, o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem. Alegria sim, porque a vida se manifestou, nós a vimos e a testemunhamos, como diz São João.
Deus se deu a conhecer de um modo impensável. Infelizmente, poucos o perceberam num primeiro momento, por que se apresentou com o rosto de um frágil menino. Quem podia imaginar que fosse Deus? Somente os mais atentos, os simples, humildes, pequeninos e puros de coração o reconheceram: os pastores, Simão e Ana, os magos vindos de longe.
O reconhecimento e a adoração prestada ao Menino Jesus pelos reis magos anunciam às pessoas de boa vontade que Deus veio para todos os povos, para toda a humanidade. Veio para dar-nos vida e vida em plenitude.
Epifania é alegria porque Deus não esqueceu do seu povo, mas o visitou de uma forma totalmente nova. O “terno de reis” era o jeito alegre de comunicar folcloricamente essa boa notícia da manifestação do Senhor.
Convidando o dono da casa a abrir a porta era um modo muito singelo e brincalhão de convidar as pessoas a acolher a boa notícia do nascimento de Jesus, como Messias e Salvador.
Unamo-nos ao “terno de reis” da corte terrestre e celeste para cantarmos juntos:
“Glória a Deus nas alturas
Glória, glória Aleluia!
Glória a Deus paz na terra
Glória, glória Aleluia!
/:Glória, glória nos céus,
paz na terra entre os homens:/”.
Muito obrigado, Senhor, por mostrar o teu rosto, revelar o teu carinho pela humanidade e continua a derramar sobre o mundo inteiro a tua paz.
Para Refletir:
1) Tenho alguma recordação da “Festa de Reis”? Teria sentido recuperar esse costume cristão? Qual jeito, hoje, para realizar seu objetivo?
2) Quais sentimentos e apelos brotam no meu coração ao relembrar os fatos que envolvem o nascimento de Jesus?
Texto bíblico: Mt 2 ou Lc 2, 1-20
Dom Jaime Pedro Kohl
Bispo de Osório