FMI: “o mundo acredita mais no Brasil que os próprios brasileiros”
O diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), o economista Paulo Nogueira Batista, prevê que os países emergentes vão ocupar o lugar das nações mais importantes do mundo nos próximos anos. Nesse cenário, segundo ele, o Brasil deve se destacar, em razão do enfraquecimento das principais economias, como a americana.
De acordo com Nogueira Batista, o governo Bush trouxe “sorte” para o Brasil. Isso porque, avalia o economista, o presidente americano “geriu mal a política econômica e a política externa do seu país”. Ele falou ontem (24) no seminário Perspectivas para o Brasil no Cenário Internacional, promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O economista diz que o Brasil “é um país de sorte, pois tem muito mais credibilidade no exterior que na cabeça dos próprios brasileiros”. Ele atesta que constatou isso ao assumir o cargo no FMI e afirma que o mundo vê melhor o Brasil que os próprios brasileiros. “O peso natural do nosso país vem crescendo há muito tempo, independentemente da competência ou não dos nossos representantes.”
Segundo o diretor do FMI, o Brasil tem tudo para ser um grande pólo da América do Sul no cenário mundial. Ressalva, porém, que o país ainda é subdesenvolvido, o que persistirá por algum tempo. E lembra que países emergentes, como a China e a Índia, vêm desempenhando um papel estabilizador na economia mundial e, por isso, “também podemos ter vez”.
O conceito de outros governos em relação ao Brasil, afirma Nogueira Batista, é dado pelo conteúdo estrutural do país, e não em razão de um governo em particular. “A queda no peso das grandes potências, como a antiga União Soviética e a Europa Ocidental, deu lugar a emergentes como a China e a Índia, e o Brasil poderá ter espaço também nessa corrida no mercado internacional.”