Formas graves da COVID-19 podem estar relacionadas à presença de certas proteínas em grande quantidade em seres humanos

Início do processo de infecção pelo patógeno. Registro do momento exato em que uma célula é infectada pelo novo coronavírus, obtido durante estudo que investiga a replicação viral do Sars-CoV-2 realizado pelos Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral e Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo, Instituto Oswaldo Cruz.. microscopia eletrônica; célula coronavírus; sars-cov-2 © Débora Barreto/Fiocruz

Um artigo de revisão, divulgado no jornal científico Immunobiology, reuniu informações de 87 pesquisas publicadas desde o começo da pandemia até julho de 2021 e apontou que algumas enzimas das células humanas podem atuar em conjunto com o SARS-CoV-2 e facilitar a infecção pelo vírus.

“Estas enzimas, como a ACE2 [sigla em inglês para angiotensina 2], são proteínas que estão localizadas na superfície celular. O que se observou em pacientes infectados pelo novo coronavírus é que elas estão presentes de forma mais expressiva, acima dos níveis normais, nestas pessoas.

Também foi constatado que estas proteínas aparecem de forma aumentada em pacientes com doenças crônicas como hipertensão, diabetes e outras doenças cardiovasculares, o que os torna ainda mais suscetíveis à infecção pelo SARS-CoV-2”, explica Luciane Cavalli, pesquisadora do Instituto.

Essas características podem também indicar por que alguns indivíduos infectados são assintomáticos ou desenvolvem sintomas leves da COVID-19, enquanto outros desenvolvem sintomas mais graves e necessitam de hospitalização.

“Aspectos como expressão aumentada das enzimas ACE1, ACE2 e TMPRSS2 [sigla para serinoprotease transmembrana tipo II] podem ser determinantes”, complementa Cavalli.

Além de fatores genéticos, determinadas comorbidades, medicamentos, idade e também o gênero da pessoa podem influenciar na presença maior ou menor dessas enzimas.

Existem exames que podem detectar esses componentes. “São análises que quantificam os níveis de expressão do gene ou da proteína. Alguns laboratórios clínicos fornecem esses tipos de análises”, pontua a pesquisadora.

“Todo esse conhecimento pode ajudar a definir o tratamento mais adequado que deve ser administrado antes que ocorra a manifestação dos sintomas clínicos e, principalmente, antes que a doença evolua para um quadro mais grave”, pontua Luciane Cavalli.

“O que se pode concluir é que existe uma interação dinâmica entre o genoma do SARS-CoV-2 e o dos seres humanos. Essa correlação, influenciada por características genéticas, impacta diretamente a manifestação de sintomas clínicos e a progressão da COVID-19”, conclui a estudiosa.

O artigo completo, em inglês, pode ser lido no link: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0171298521000784?dgcid=author

O Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe

Os estudos científicos estão no DNA do Complexo Pequeno Príncipe. O Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe é o único projeto social do mundo a ter a chancela do “Rei do Futebol”. São 15 anos com foco na valorização da ciência. Atualmente, a equipe do IPPP conta com 19 pesquisadores principais e mais de cem projetos em andamento, estruturados em sete linhas de pesquisa com o foco em doenças complexas que atingem crianças e adolescentes.

Além dessa pesquisa, a instituição participa de outros estudos relacionados à COVID-19. O Pequeno Príncipe também está preparado para esse enfrentamento na sua unidade de assistência, o maior hospital exclusivamente pediátrico do país, onde atua com a missão de promover saúde com excelência, qualidade e segurança a milhares de pacientes.

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