Colunistas

Gata de olhos violetas em teto de zinco quente

Era a Sagração da Primavera. Zurique renascia para as cores das violetas, dos jasmins e dos gerânios que circundam o Lago Zurique. Encontrei-o triste, solitário, sentado ao rutilante sol daquela manhã de abril de 1976. Perguntei como ele estava. Richard Burton me respondeu, Estou falido, a Liz liquidou meu Goldencard nas joalherias da rua Bahnhof Strasse, e creio que meu casamento não dure até o final deste ano. Nunca ele esteve tão certo.

Temerário, pois Burtton já se encontrava embriagado, aceitei o convite e embarquei na Masserati conversível que ele passou a dirigir feito louco. Rodamos por uns bons dez minutos, rumo ao sul de Zurique, até o restaurante Petermann’s Kunststuben. Ali, Burton mandou baixar a primeira garrafa de um envelhecido Chateauneuf du Pape e fondues dos mais ricos queijos da região. Brindamos à exuberante primavera e, sem delongas, ele desabafou, Liz é uma mulher luxuosa e cara demais para mim… nosso segundo casamento está por um fio… Quatro meses depois, chegava ao fim um dos mais tumultuados e rumorosos casos de amor do cinema.

Richar Burton me falava, é claro, de Elizabeth Rosemond Taylor, ou, simplesmente, Elizabeth Taylor, conhecida internacionalmente por sua beleza, especialmente por seus olhos violetas. Com apenas 10 anos de idade, ela estreou no cinema com o filme “There's One Born Every Minute.

No ano seguinte, 1943, contratada da MGM, Liz iniciou sua escalada para o sucesso com o filme “A Força do Coração”.  Embora com uma longa filmografia, seu período áureo estendeu-se de 1951 a 1968, tendo sido a primeira atriz a ganhar US$ 1 milhão pela atuação num filme.  Tal fato ocorreu quando da realização de “Cleópatra”, em 1963.  Durante esse período, foi agraciada com dois Oscars de Melhor Atriz por suas atuações em “Disque Butterfield 8”, de 1960, e “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?”, de 1966, sendo ainda indicada ao mesmo prêmio da Academia por seus trabalhos em “A Árvore da Vida”, de 1957, “Gata em Teto de Zinco Quente”, de 1958 e “De Repente No Último Verão”, de 1959.

Devido aos escândalos na vida privada, a aparição conjunta de Richard Burtton e Elizabeth Taylor no drama conjugal Quem tem medo de Virginia Woolf?, baseado numa obra de Edward Albee, despertou grande expectativa na imprensa sensacionalista. Foi um filme que falava da vida conjugal de muitas brigas entre ambos. Eles mesmos protagonizaram o filme.
Liz Taylor foi desejada por muitos homens, tendo sido casada com Conrad Hilton Jr., herdeiro de uma famosa cadeia de hotéis, Michael Wilding, ator, Michael Todd, produtor, Eddie Fisher, ator, Richard Burton, ator (15/03/1964 a 26/06/1974 e 10/10/1975 a 01/08/1976), John Warner, senador e, finalmente, Larry Fortensky, construtor (06/10/1991 a 31/10/1996).
Na década de 70, tornou-se viciada em drogas, fazendo filmes ocasionalmente.  Ao terminar seu casamento com o senador Warner, internou-se na Betty Ford Clinic, em mais uma tentativa de se curar de seus vícios.  Foi durante esse período de recuperação, que conheceu Larry Fortensky, seu último marido.

Em 1985, com a morte de seu grande amigo, o ator homossexual Rock Hudson, Elizabeth Taylor iniciou uma cruzada em favor dos portadores de Aids.

Jamais esqueci os belos olhos de Elizabeth Taylor, a imortal Cleópatra da Sétima Arte. No entanto, marcou minha adolescência – juntamente com Rock Hudson e James Dean, no antológico Assim Caminha a Humanidade. Como tributo a essa mulher, nesta cinzenta tarde de quinta-feira, ergo o cálice – não do indescritível Chateauneuf Du Pape, à mesa do Petermann’s Kunststuben – do não menos generoso Chemin dês Papes – Côtes Du Rhône – safra 2008, na varanda, em frente ao oceano. Sem o fondue de queijos Suiços, é certo.

Mas isso, agora, não tem a menor importância.

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