Grupo de orcas surpreende pesquisadores em avistamento raro no Litoral Norte do RS
Um avistamento impressionante de oito orcas ocorreu nas águas próximas à desembocadura da Barra do Rio Tramandaí, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, surpreendendo pesquisadores do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O grupo, que incluía fêmeas e juvenis, foi flagrado patrulhando a região em busca de alimento, segundo Ignacio Benites Moreno, professor e coordenador do projeto Botos da Barra.
O professor relatou que o número elevado de orcas é incomum e traz informações valiosas sobre a presença desses animais na costa gaúcha.
“Inicialmente, nem acreditamos que fossem orcas. Foi um evento raro e marcante, especialmente por envolver oito indivíduos tão próximos da barra”, explicou Moreno.
Alimentação e Comportamento
Com uma dieta variada, as orcas predam desde peixes e tartarugas até outros golfinhos menores, como as toninhas.
A presença das orcas sugere que elas estavam explorando a área em busca de alimento, possivelmente focando em espécies menores.
Segundo o professor, já houve registros de orcas com restos de toninhas no estômago, o que reforça a hipótese de que esses cetáceos visitam a costa para se alimentar de presas menores e mais vulneráveis.
Pesca Cooperativa em Risco
Curiosamente, durante a presença das orcas, os botos não foram avistados na região.
Pesquisadores monitoraram uma faixa de 10 quilômetros ao norte e ao sul, mas os botos só reapareceram depois que o grupo de orcas deixou o local.
Isso é particularmente relevante para a prática de pesca cooperativa, comum em Tramandaí, onde botos e pescadores trabalham juntos para otimizar a captura de cardumes.
Essa parceria única no mundo, essencial para a economia pesqueira local, depende da presença dos botos-de-Lahille, espécie ameaçada de extinção e protegida por leis ambientais.
Orcas: Inofensivas e Inteligentes
As orcas, maiores integrantes da família dos golfinhos, podem medir até 9,8 metros e pesar até 10 toneladas. Embora impressionantes, não representam ameaça aos seres humanos.
Conhecidas por sua inteligência e complexidade social, elas formam grupos familiares organizados e são capazes de desenvolver “sotaques” específicos para comunicação entre membros de cada grupo.
“Avistar orcas tão próximas da costa é uma sorte rara e uma oportunidade para nossa pesquisa”, comentou Moreno.
Ele ainda acrescentou que o fenômeno pode indicar mudanças nos padrões de comportamento das orcas e que mais estudos são necessários para entender a frequência e os motivos das visitas dessas magníficas criaturas à costa gaúcha.
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