Herói das enchentes no RS, o guia de rafting e especialista em resgates Ronaldo Garbin, de 42 anos, faleceu no último sábado após enfrentar uma dura batalha contra uma leucemia crônica.
Conhecido por sua bravura e dedicação durante os resgates nas enchentes históricas que atingiram o Rio Grande do Sul no primeiro semestre de 2024, Garbin tornou-se símbolo de coragem e solidariedade, sendo amplamente reconhecido por seus atos heroicos nas regiões mais devastadas pela catástrofe climática.
O velório aconteceu neste domingo nas Capelas São José, em Bento Gonçalves, cidade onde vivia e liderava expedições de rafting e atividades de resgate.
A cerimônia de cremação ocorreu às 17h30 no Memorial Crematório São José, em Caxias do Sul, onde amigos, familiares e admiradores prestaram a última homenagem ao homem que arriscou a própria vida para salvar tantas outras.
Nos dias que antecederam sua morte, uma grande mobilização tomou conta das redes sociais e das ruas.
Uma campanha emergencial organizada por amigos e familiares buscava doadores de sangue e plaquetas, com urgência, para ajudar no tratamento de Ronaldo, internado na UTI de um hospital de Caxias do Sul.
O banco de sangue da cidade havia solicitado 60 doadores, e, diante da gravidade do caso, se comprometeu a enviar uma equipe a Bento Gonçalves caso esse número fosse atingido.
A campanha viralizou rapidamente. Um link para cadastro foi criado e compartilhado por centenas de pessoas.
Herói das enchentes no RS
“Ele era um líder nato, um dos primeiros a se mobilizar para ajudar nas enchentes. Ronaldo organizava as equipes, entrava nas áreas mais perigosas, comandava os botes, e salvou muitas vidas”, contou Leandro Ourives, amigo de longa data, que também convive com a leucemia em sua família — seu filho, de 20 anos, tem a mesma doença.
Segundo Ourives, o engajamento foi impressionante: mais de 1.500 pessoas se cadastraram para doar sangue.
“Esse número mostra o quanto o Ronaldo era querido e respeitado. Ele foi essencial no momento mais crítico que o nosso estado enfrentou. É impossível esquecer o que ele fez”, relata emocionado.
Apesar de a doença ter vencido a corrida contra o tempo, a mobilização segue.
Está sendo discutida a possibilidade de organizar ônibus para levar os doadores até Caxias do Sul. Já nesta sexta-feira, um transporte com 40 pessoas sairá de Bento Gonçalves em direção ao Hemovita, em mais uma demonstração de solidariedade e gratidão.
Leandro conclui: “Hoje foi o Ronaldo que precisou, mas muitas pessoas ainda dependem de sangue. Se cada um fizer a sua parte, essa campanha continua fazendo sentido. É uma forma de manter o legado dele vivo.”
Garbin deixa não apenas saudades, mas também uma lição de altruísmo e coragem em meio ao caos. Sua história está eternizada entre os maiores exemplos de bravura humana em território gaúcho.