Humanismo – Jayme José de Oliveira
PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
HUMANISMO
Ao contrário do que grande parte da humanidade crê o BEM não está indissociavelmente vinculado a DEUS. Os ideais do HUMANISMO não pertencem a nenhuma religião ou seita. Embora não invoque deuses, espíritos ou almas para fundamentar o sentido e a moral, o humanismo não é incompatível com instituições religiosas, elas fazem parte do conjunto que, ao se agregarem, formatam a essência do BEM. Tem razão o Papa Francisco ao afirmar seu respeito a todos os humanos de bem, mesmo ateus, desde que aspirem o desenvolvimento universal com respeito aos que também sabem respeitar:Em 13/03/2017 o Papa Francisco fez um dos seus pronunciamentos que ficarão marcados na sua trajetória já tão impactante:
“Não é necessário crer em Deus para ser uma pessoa boa.
De certa forma, a ideia tradicional de Deus não está atualizada.
Alguém pode ser espiritual, porém não necessariamente religioso.
Não é necessário ir à igreja e dar dinheiro.
Para muitos, a natureza pode ser uma igreja.
Algumas das melhores pessoas da história não criam em Deus, enquanto que muitos dos piores atos se praticaram em seu nome”.
Em 2003, o Manifesto Humanista III alicerça sua filosofia em seis princípios:
1.O conhecimento humano se dá pela observação, pela experimentação e pela análise racional. Os humanistas consideram a ciência o melhor para determinar o conhecimento que nos conduz ao progresso – científico, cultural, ético e moral.
2.Os seres humanos são atraídos e não intimidados pelo que ainda não é conhecido.
3.Os humanistas baseiam os valores primordiais no bem-estar de toda a sociedade.
4.A realização plena da vida surge na participação individual a serviço dos ideais humanitários e admite a inevitabilidade da morte.
5.Os seres humanos são sociais por natureza e só encontram sentido em seus relacionamentos.
6.Trabalhar para beneficiar a sociedade maximiza a felicidade individual. Não se concebe o inverso, não há possibilidade real de harmonia, paz, felicidade e progresso se isso não for compartilhado.
Esta concepção de vida não é facilmente assimilável por facções políticas e religiosas, por eminentes artistas, acadêmicos e intelectuais. Se o Humanismo, assim como outros ideais que conduzem ao aperfeiçoamento da civilização e bem-estar coletivo quiser se estabelecer em definitivo na mente das pessoas, deve ser explicado e defendido de acordo com a linguagem e as ideias da época atual e não permanecer ancorado em ditames que tiveram sua época em tempos nos quais o egoísmo – individual, de castas e corporações – ditava regras inaceitáveis atualmente, isso, se quisermos uma humanidade formada por indivíduos livres, felizes e trilhando a senda que nos levará ao píncaro.
É necessário que, como afirmou Espinoza, se busque o fundamento na imparcialidade – na percepção de que não há nada de mágico em relação aos pronomes “eu” e “mim” que possa justificar os privilégios dos “meus interesses” sobre os de qualquer pessoa.
Parece utópico, inviável? É O FUTURO PARA O QUAL EVOLUIMOS, SE QUISERMOS MERECER UM FUTURO.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado