Imortalidade III - Por Jayme José de Oliveira - Litoralmania ®
Num de seus livros Paulo Coelho relata: O Profeta e um discípulo andavam pelo deserto quando viram, ao longe, um vulto deixar cair algo a beira do caminho. - O que foi deixado ali? Perguntou o discípulo. - Foi o diabo, ele deixou cair um pedaço da verdade. - Mas, se ele espalha a verdade, não é totalmente mau. - Pelo contrário, ao fragmentar a verdade e distribuí-la em vários locais, permite que diversas pessoas os encontrem e, cada um se considerará possuidor do todo. Quando se depararem com alguém que achou outro fragmento, ambos defenderão o seu e será estabelecida a discórdia. Lembro isso para ressaltar que, quando todas as partes têm parte da razão, a solução do problema se complica. Como negar o direito dum funcionário em exigir o pagamento em dia do seu salário? Como forçar o governo a cumprir a legislação se os cofres estão raspados? Quando os sacrifícios são exigidos apenas a um segmento, estratifica-se a injustiça. Como fazer entender aos funcionários do Executivo um parcelamento que não é estendido ao Judiciário e Legislativo? COMO??? Quando parcelam os salários mais baixos comprometendo despesas inadiáveis e até a alimentação, própria e dos familiares, como entender como os do topo que seguramente não sofreriam maiores percalços com o postergar não são atingidos? COMO??? Por outro lado, greves sucessivas que sabidamente não resultarão, infligem sofrimento e transtornos à população que não tem nada a ver com o quiproquó. Em suma,um nó górdio à espera dum Alexandre Magno contemporâneo que se disponha a cortá-lo. Enquanto isso... “Para a presidente do CEPERS, Helenir Schürer, as aulas perdidas e consequente prejuízo aos estudantes que estão se preparando para ingressar no Ensino Superior são uma consequência indesejada da greve, mas afirma que essa é a forma dos professores protestarem nesse momento. É uma pena que os alunos acabem sofrendo com isso, mas espero que o governo ouça os apelos”. (Zero Hora, 09/09/2.015) A maneira mais fácil de aumentar a renda dos governos é aumentar os impostos. É significativa a reação dos políticos, dependendo de quem usufrua os benefícios. Aqui, no RS, o PT fecha a questão contra o aumento da alíquota do ICMS e mantém-se quedo e mudo quanto aos propostos em nível federal. Nada como ser coerente. Para contrapor os ataques da oposição, inclusive com os bonecos Pixulecos, o PT também promove manifestações em apoio à presidente Dilma e, singularmente, portando cartazes condenando o ajuste fiscal e contenção de despesas que afetem as políticas sociais, direitos trabalhistas e modificações nas regras da aposentadoria. Lindbergh Farias, senador pelo Rio de Janeiro (PT) em discurso na Câmara Alta, apoiou essas ações. Pelo visto, a solução deve retroagir no tempo e esperar que docéu caia omaná que alimentou os israelitas durante a travessia do deserto e se encontre o Canaã com rios onde corre leite e mel. Falar em plantar para produzir flores com néctar que alimente abelhas e pastorear rebanhos que forneçam leite? Sai dessa, dá muito trabalho. Aliás Lula sempre proclamou que os pobres nunca foram problema, representam a solução. Em tempo, implantar políticas sociais não é uma benesse oficial, é obrigação e garantia para um futuro de paz e prosperidade. O ministro Joaquim Levy, entrevistado pela TV (10/09/2.015) após o rebaixamento do rating do Brasil pela “Standard & Poor’S” declarou no decorrer do pronunciamento: “Diminuir a inflação é a melhor maneira de melhorar o nível de vida da população”. “O governo só chegará a resultados positivos com o ajuste fiscalse a população se convencer de sua oportunidade e necessidade”. “O mercado não se tranquiliza com palavras, apenas com ações”. Em complemento à última coluna “Os irresponsáveis pela anomia”: “Preso em flagrante por tentativa de furto de um carro no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, na segunda feira, Santiago da Costa ganhou liberdade provisória no dia seguinte. Ele foi alvo duma tentativa de linchamento, mas o caso não será investigado”. (Zero Hora -10/09/2;015) Pode ser estritamente legal o procedimento, mas, o grande público não entende nem aceita o resultado, a possibilidade de aumentar o número de tentativas de justiçamento extrajudicial recebe o incentivo que ainda faltava.
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Imortalidade III – Por Jayme José de Oliveira

Jayme José de OliveiraASSIM CAMINHA A HUMANIDADE XVIII

HENRIETTA LACKS, A MULHER IMORTAL – 1

Na coluna anterior abordamos a função dos telômeros na divisão celular e como a telomerase permite que essas divisões sejam multiplicadas ao impedirem a degeneração dos telômeros. Imprescindíveis no processo, é importante considerar que apenas nas células reprodutoras, células-tronco e células cancerosas é reativada espontaneamente a telomerase. Por que as células de Henrietta Lacks, falecida há 64 anos continuam vivas e se reproduzindo? O que pode significar para a ciência esse fenômeno intrigante?

Você já parou para pensar como se faz pesquisa? Por exemplo, se queremos saber o que acontece nas nossas células quando um vírus a infecta, quando não temos um determinado gene ou quando entramos em contato com determinado remédio.

O primeiro passo é ter as células para testar, certo? Pois bem…mas que células? As do nosso corpo ou do corpo de algum animal? Nenhum dos dois! Pelo menos não no início das pesquisas!

Para se testar de maneira segura esses tipos de interferentes à vida normal da célula, cultivamos determinados tipos celulares em placas de cultura, que fornecem todos os nutrientes e ambiente necessário para o seu desenvolvimento.

Porém, há um grande problema no cultivo de alguns tipos de células. Por exemplo, uma célula normal da pele tem um curto tempo de vida e não se multiplica  fora do corpo, em laboratório. Por este motivo, os testes teriam que dar resultados muito rápidos para serem vistos, antes que a cultura de células morresse.

Este problema foi solucionado a partir da história de Henrietta Lacks.

Henrietta Lacks nasceu em 1920 e morreu de câncer do colo uterino em 1951. Henrietta Lacks foi a doadora involuntária de uma cultura de células cancerosas, mais conhecidas como HeLa, muito utilizada em pesquisas médicas.

As células HeLa foram cultivadas quando a senhora Lacks recebia tratamento para um câncer do colo uterino no Johns Hopkins Hospital. Seu câncer produzia metástases (novos tumores em locais distantes do foco original) anormalmente rápidas, mais que qualquer outro tipo de câncer conhecido pelos médicos.

Após seu óbito, suas células continuaram sendo cultivadas para estudo de sua impressionante longevidade, sendo distribuídas por vários laboratórios em todo o mundo. Jonas Salk as utilizou para produzir uma vacina contra a poliomielite.

Foram enviadas ao espaço para experiências sob gravidade zero. Desde sua morte, suas células foram continuamente usadas em experimentos e pesquisas contra o câncer, AIDS, efeitos da radiação, mapeamento genético e muito mais.

Calcula-se que a quantidade de células existentes nos laboratórios de todo o mundo supere o número de células da senhora Lacks em vida.

As células HeLa são chamadas de imortais por se dividirem num número ilimitado de vezes, desde que mantidas em condições ideais de laboratório. Atribui-se isso ao fato dessas células terem uma versão ativa da enzima TELOMERASE, implicada no processo de reprodução das células e no número de vezes que uma célula pode se dividir.

Elas são cultivadas até hoje em laboratórios ao redor do mundo, em frascos de plástico, em um meio contendo soro bovino. Milhares de trabalhos científicos foram realizados com essas células e, certamente, continuarão sendo utilizadas por um tempo que não podemos calcular. De certa maneira, podemos manter esperanças de que os estudos paralelos que se realizam no esforço de explicar a extraordinária capacidade de replicação que possuem nos levem a descobrir a maneira de prolongar de maneira substancial o tempo de vida de nossos descendentes.

A história de Henrietta Lacks e como suas células foram recolhidas, multiplicadas e preservadas será desenvolvida na próxima coluna. Como não houve autorização da paciente nem de seus familiares e dos milhões de dólares advindos nem um centavo foi destinado à família, um dilema ético até hoje não resolvido perdura.

CÉLULAS IMORTAIS 1

CÉLULAS IMORTAIS 2

Os links são em inglês

https://www.youtube.com/watch?v=MtHIM5_RmE4

https://www.youtube.com/watch?v=rV6YHMNHa0M

 Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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