Impelidos para a missão – Dom Jaime Pedro Kohl
Neste Domingo do Bom Pastor, Dia Mundial de oração pelas vocações, preferi trazer novamente a mensagem que o papa Francisco escreveu em 2017 para a ocasião.
O papa Francisco dizia que gostaria de se deter na dimensão missionária da vocação cristã. De quem se deixou atrair pela voz de Deus e começou a seguir Jesus, rapidamente descobre dentro de si mesmo o desejo irreprimível de levar a Boa Nova aos irmãos, através da evangelização e do serviço na caridade. Todos os cristãos são constituídos missionários do Evangelho.
Com efeito, o discípulo não recebe o dom do amor de Deus para sua consolação privada; não é chamado a ocupar-se de si mesmo nem a cuidar dos interesses duma empresa; simplesmente é tocado e transformado pela alegria de se sentir amado por Deus e não pode guardar esta experiência apenas para si mesmo: «a alegria do Evangelho, que enche a vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária» (EG 21).
O compromisso missionário não é algo que vem acrescentar-se à vida cristã como se fosse um ornamento, mas, pelo contrário, situa-se no âmago da própria fé: a relação com o Senhor implica ser enviados ao mundo como profetas da sua palavra e testemunhas do seu amor.
Se experimentamos em nós muita fragilidade e, às vezes, podemos sentir-nos desanimados, devemos levantar a cabeça para Deus, sem nos deixarmos esmagar pelo sentimento de inaptidão, nem cedermos ao pessimismo, que nos torna espectadores passivos duma vida cansada e rotineira. Não há lugar para o temor: o próprio Deus vem purificar os nossos «lábios impuros», tornando-nos aptos para a missão.
Cada discípulo missionário sente, no seu coração, esta voz divina que o convida a «andar de lugar em lugar» no meio do povo, como Jesus, «fazendo o bem e curando» a todos. Com efeito, já tive ocasião de lembrar que, em virtude do Batismo, cada cristão é um «cristóforo» ou seja, «um que leva Cristo» aos irmãos.
Isto vale de forma particular para as pessoas que são chamadas a uma vida de especial consagração e para os sacerdotes, que generosamente responderam «eis-me aqui, envia-me». Com renovado entusiasmo missionário, são chamados a sair dos recintos sagrados do templo, para consentir à ternura de Deus de transbordar a favor dos homens.
A Igreja precisa de sacerdotes assim: confiantes e serenos porque descobriram o verdadeiro tesouro, ansiosos por irem fazê-lo conhecer jubilosamente a todos.
Não poderá jamais haver pastoral vocacional nem missão cristã, sem a oração assídua e contemplativa. É esta amizade íntima com o Senhor que desejo vivamente encorajar, sobretudo para implorar do Alto novas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada.
O chamado não é um simples ato de vontade, mas um movimento de saída impulsionado pelo Espírito.
Para refletir:
- O papa insiste que existe uma profunda relação entre oração, vocação e missão. O que penso sobre isso?
- Os cristãos, as vocações de especial consagração e os sacerdotes onde fundamentam seu chamado? O que devem fazer para viver autenticamente sua missão?
- Segundo o papa não pode haver pastoral vocacional sem oração assídua e contemplativa. Estou fazendo a minha parte?
Textos Bíblicos: Is 6, 7-8; Jo 10, 1-16; Sl 99(100).
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório