Instinto, totalitarismo, democracia – Jayme José de Oliveira
Humanos e animais têm as mesmas necessidades básicas: conviver harmoniosamente com seus semelhantes e, também, com as outras espécies, caso contrário as disputas por território e alimentos culminariam numa luta interminável e catastrófica.
Como as necessidades são díspares, cada espécie traça a sua rota, resta delimitar a convivência entre os indivíduos afins. Nos animais o instinto estabelece as regras. Nas alcateias o lobo alfa elege uma loba também alfa para procriar enquanto os demais componentes são acessórios, com diversas funções. Leões também vivem em grupos, o acasalamento dura de dois a quatro dias e as fêmeas ovulam de duas a três vezes por hora. Nesse período a cópula pode ocorrer diversas vezes e com diferentes machos do bando, o que pode gerar uma ninhada com diferentes pais
Outros tipos de comportamento existem e a harmonia se estabelece desde que seja obedecida a hierarquia.
O homo sapiens orbita em outra escala, a sociedade evoluiu do sistema paternal, onde um líder comanda o grupo não muito numeroso, familiar de preferência, para organizações mais complexas e compostas por um número bemmais expressivo, milhares, quiçá milhões. Reis, líderes religiosos, imperadores e outros que tais atravessaram séculos exercendo uma liderança inconteste, autoritária, geralmente com sucessão hereditária.
A Democracia Ateniense foi um regime político criado e adotado na Grécia Antiga. Ela foi essencial para a organização política das cidades-estados gregas, sendo o primeiro governo democrático da história. O poder não estava mais concentrado nas mãos da aristocracia, todos os cidadãos livres, maiores de 18 anos e nascidos em Atenas, poderiam participar das Assembleias que regiam os destinos das cidades, embriões dos futuros países. Um detalhe: mulheres, estrangeiros e escravos estavam excluídos. Muitos séculos decorreram antes de se consubstanciar uma democracia plena.
Uma luta extenuante para se aperfeiçoar um regime equipolente, onde TODOS têm o direito de votar e de serem eleitos, sem receio de contestações por líderes carismáticos frustrados com o resultado das apurações e que se consideram “mais iguais”. Esses, inconformados com a igualdade de direitos e deveres, amiúde subvertem o regime e dão origem a ditaduras, todas execráveis, imorais e retrógradas. Atualmente cognominadas de ”esquerda” ou de “direita”, devem ser sepultadas a uma profundidade inalcançável.
Lenin-Stalin derrubaram o regime czarista e instituíram o regime comunista na Rússia, em1917. Não foi um avanço, foi uma mudança do ruim para o pior.
Hitler, na Alemanha, inconformado com as extorsões protagonizadas pelos aliados da 1ª Guerra Mundial no Tratado de Versalhes, assinado em28de junho de 1919, que impôs a “Paz dos Vencedores” se insurgiu.
Escandalosamente arbitrárias e indigeríveis pela Alemanha os termos duríssimos e draconianos protagonizaram a 2ª Guerra Mundial (1939-1945) que deixou como saldo 40 milhões de civis e 20 milhões de soldados mortos. Deveria ter sido um anátema para execrar as guerras, as tiranias, as ditaduras etodas as coisas que separam os humanos comuns dos que se julgam “mais iguais”. NÃO FOI! Até hoje persistem as ditaduras, algumas mascaradas por artifícios ignóbeis. Infelizmente os humanos ainda elegem “ídolos com pés de barro”, relembrando Nabucodonosor e o profeta Daniel.
Um longo caminho já foi percorrido e muito resta a ser trilhado antes de alcançarmos a JUSTIÇA e o equilíbrio de oportunidades para atingir o bem-estar social.
Líderes carismáticos, que podem ser representantes de religiões, do poder econômico, de ideologias e outros mais, ainda encantam multidões, criam adeptos convictos ferrenhos e os aliciam em proveito próprio, prometendo mundos e fundos eretribuindo apenas com sonhos que serão descumpridos. As maiorias assim enganadas se debatem numa subvida enquanto os “mais iguais” e seus áulicos se refestelam no BEM-BOM.
Uma luz insiste em brilhar no fim do túnel e se origina nos países em que a social-democracia tenta se consolidar. O progresso técnico, o bem-estar proporcionado pela riqueza em ascensão nas democracias de fato, aliados ao compartilhamento dos benefícios para toda a população ativa (os que não podem se sustentar por motivos diversos são amparados por fundos específicos que o Estado financia, retirando verbas dos impostos arrecadados da comunidade). Evidentemente, regras devem ser respeitadas, não tem cabimento a comunidade sustentar pessoas que não têm o mínimo interesse em contribuir com sua parte, todos devem participar do esforço conjunto, desde que estejam aptos para tanto.
Nem capitalismo selvagem, que só visa o lucro, nem ditaduras cruéis chefiadas por ditadores, de esquerda ou de direita, ambas detestáveis e desumanas. Países como a Noruega, a Suécia, a Finlândia, para citar alguns, estão tateando e parecem rumar ao equilíbrio tão almejado. Estão avançando rumo à JUSTIÇA SOCIALCOM PROGRESSO ECONÔMICO E DEMOCRACIA, cada cidadão faz parte de um todo harmônico, onde os dirigentes se comportam como líderes de fato e de direito, eticamente corretos. CHEGAREMOS LÁ? QUANDO? QUANDO A JUSTIÇA PREPONDERAR SOBRE A GANÂNCIA.
Para finalizar: inútil o sonho utópico de Thomas Morus, criador da “UTOPIA” que jamais se tornará realidade. Não somos abelhas nem formigas que seguem o instinto e não podem almejar progredir graças ao esforço e talento para tal. Como disse Jesus: “Sempre tereis pobres entre vós” (Mc 14,7) … “Os pobres sempre tendes convosco e podeis fazer-lhes o bem quando quiserdes. Mas a mim não tereis.
POSFÁCIO:
De repente, não mais que de repente, em 23/02/2022, Vladimir Putin, no alto de sua arrogância e desprezo pela opinião e direito de quem quer que seja, invade a Ucrânia e inicia um confronto que sabemos como iniciou e não podemos imaginar quais serão suas consequências.
IGOR GIELOW (FOLHAPRESS) – O secretário-geral da Otan (aliança militar ocidental), Jens Stoltenberg, concedeu entrevista nesta quinta-feira (24) para falar sobre os ataques da Rússia na Ucrânia.
Ele chamou o governo russo de mentiroso e disse que o ataque é um “ato brutal de guerra”. Voltou a falar que a agressão é “o novo normal para nossa segurança, e nós temos de responder”.
Naturalmente, sem ameaçar nada militarmente, dado que Kiev não é parte da aliança. Isso tende a cair em ouvidos moucos no Kremlin.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado