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Irã quer Brasil como mediador de impasse

A duas semanas de o Grupo de Viena – formado pelos Estados Unidos, a França, a Rússia e a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) – retomar as negociações com o Irã em torno do desenvolvimento do programa nuclear,  o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, quer o Brasil como mediador para o fim do impasse com a comunidade internacional. Em entrevista à Agência Brasil, o embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, disse que os iranianos vão insistir que o acordo sobre a troca de urânio seja a base das negociações, sem a possibilidade de substituí-lo.

Para  Shaterzadeh, a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ajudou a reforçar o papel relevante que os países em desenvolvimento desempenham no cenário internacional. “A presença do Brasil trouxe uma esperança e um suporte para os países em desenvolvimento”, disse ele, sem mencionar as suspeitas da comunidade internacional de que o programa nuclear do Irã produza secretamente armas atômicas. As suspeitas são negadas pelas autoridades iranianas.

O embaixador acrescentou que “a base das negociações é a Declaração de Teerã [nome oficial do acordo que determina a troca de urânio pouco enriquecido pelo material enriquecido a 20%]. A Declaração de Teerã deverá ser lembrada na história mundial”.

A retomada das negociações com o Irã pelo Grupo de Viena ocorre no momento em que o país é alvo de um série de sanções impostas pela maior parte da comunidade internacional. A adoção das sanções foi definida três semanas e meia depois de negociado o acordo para a troca de urânio. Inicialmente, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fixou as restrições, depois vieram os Estados Unidos, a União Europeia e o Canadá.  As medidas restringem eventuais acordos e negócios, principalmente nas áreas militar e comercial.

No entanto, Shaterzadeh disse que a solução para encerrar a polêmica em torno da questão nuclear iraniana está na declaração firmada em 17 de maio, em Teerã. Na ocasião, Ahmadinejad assinou o acordo sobre a troca de urânio na presença de Lula e do primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan. Para o embaixador, é necessário apenas definir alguns ajustes para a adoção do texto.

Pelo acordo, Ahmadinejad reafirma, no primeiro de dez itens, o compromisso de não proliferação de armas. A base da declaração é o acordo para o envio de 1,2 tonelada de urânio enriquecido a 3,5% para a Turquia. No prazo de até um ano, 120 quilos do material enriquecido, em território turco, a 20% será encaminhado para o Irã.
   
Nos demais parágrafos do texto, o governo do Irã informa estar convencido de que o acordo é o início de uma nova “proposta positiva e construtiva, em uma atmosfera de não confronto, que conduz a uma era de interação e cooperação”.

Há ainda a informação de que o urânio enriquecido na Turquia será de propriedade do Irã. Os iranianos, porém, admitem a inspeção de especialistas estrangeiros – uma referência à Aiea. Pela declaração, o Irã exige que sejam adotadas garantias e respeitados os termos do acordo.

No texto original do acordo, no 9º parágrafo, os governos da Turquia e do Brasil afirmam confiar nas negociações entre o Irã e o chamado grupo dos países 5 +1 – que reúne os cinco integrantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas: os Estados Unidos, a Rússia, China, França e a Inglaterra, além da Alemanha.

No último item, Brasil e Turquia elogiam os compromissos firmados no acordo e os esforços realizados para alcançá-lo. Em contrapartida, o governo do Irã informa que “também avalia os esforços construtivos de países amigos, Turquia e Brasil, criando o ambiente propício para a realização dos direitos nucleares do Irã”.

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