Irã sinaliza que vai rejeitar oferta de asilo feita por Lula

O porta-voz do Ministério do Exterior do Irã, Ramin Mehmanparast, indicou hoje (3) que o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, rejeitará a proposta de asilo político oferecida pelo presidente…
O porta-voz do Ministério do Exterior do Irã, Ramin Mehmanparast, indicou hoje (3) que o governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, rejeitará a proposta de asilo político oferecida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à mulher condenada à morte por apedrejamento no país. Segundo Mehmanparast, Lula tem uma “personalidade emotiva” por isso fez a oferta e não dispõe de “informação suficiente” sobre o assunto.

As informações são da agência BBC Brasil. As declarações de Mehmanparast foram a primeira resposta oficial do governo do Irã à proposta de asilo político feita no sábado (31) por Lula para Sakineh Mohammadi Ashtani, 43 anos, e dois filhos – condenada à morte por apedrejamento no Irã sob acusação de adultério. “O presidente [Luiz Inácio Lula] da Silva tem uma personalidade muito emotiva e humana, mas provavelmente não tem informação suficiente sobre o caso”, afirmou o porta-voz.

Mehmanparast disse que a Ashtiani “cometeu um crime”, segundo a lei iraniana, e que o governo do Irã pode passar mais informações ao presidente Lula “para que ele entenda o caso”. O porta-voz respondeu, durante uma entrevista coletiva, à pergunta de um jornalista que havia questionado se havia ou não interferência do presidente brasileiro nessa questão.

Pressionado pela opinião pública e por campanhas na internet, o presidente fez a proposta de asilo no sábado (31). Lula fez um “apelo” a Ahmadinejad, durante um comício em Curitiba, no Paraná. “[Apelo para que] permita ao Brasil conceder asilo a esta mulher”, disse ele. Anteriormente, ele havia afirmado que era um assunto interno do Irã.

A proposta brasileira foi apoiada por ativistas que defendem os direitos humanos no Irã, mas foi criticada por setores mais conservadores ligados ao governo do país. Ashtiani, que é viúva, está presa no Irã desde maio de 2006 sob a acusação da Província do Azerbaijão Ocidental de ter mantido relações sexuais com dois homens. Porém, ela e os parentes negam as acusações.

Integrantes de organizações de direitos humanos disseram que a oferta de Lula de conceder asilo a Ashtiani é um passo positivo, mas que ainda é preciso fazer mais para pressionar o Irã a banir esse tipo de sentença. A Guarda Revolucionária do Irã fez críticas à posição do presidente brasileiro, acusando-o de interferir nas questões internas do país.

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No começo deste mês, as autoridades iranianas haviam afirmado que ela não seria mais morta por apedrejamento, embora a mulher ainda possa ser sentenciada à morte por enforcamento pelo adultério e por outras acusações que pesam contra ela.

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