Itamaraty ouve apontado como responsável por vinda de senador
O clima no Itamaraty é de tensão, pois é a primeira vez na história recente que, em uma carreira guiada pela disciplina e hierarquia, um profissional tem sua conduta investigada por supostamente não seguir orientações de superiores, em uma questão envolvendo dois Estados – Brasil e Bolívia.
Após nota divulgada pelo Itamaraty, informando que o Ministério das Relações Exteriores abrirá inquérito e tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis, o assunto é tratado com o máximo de sigilo pelos diplomatas. A ideia é que Saboia chegue ao ministério de forma discreta, sem chamar a atenção da imprensa, para evitar entrevistas.
Com mais de 20 anos de carreira, Saboia é apontado como um profissional disciplinado, competente e dedicado. No entanto, desde que assumiu como encarregado de negócios (substituto temporário do embaixador) na Bolívia, há dois meses, Saboia reitera ao Itamaraty as dificuldades vividas por Pinto Molina, que ficou 455 dias abrigado na representação diplomática.
Saboia esteve duas vezes em Brasília relatando que o senador boliviano sofria de depressão e estava com problemas renais. Na última ocasião em que esteve no Itamaraty, o diplomata pediu para ser removido (deixar o posto) de La Paz para outro posto no exterior ou mesmo no Brasil.
No Itamaraty, os diplomatas não informam ao certo como será um eventual inquérito envolvendo Saboia. As punições, em geral, vão desde uma simples advertência oral até a exoneração da carreira profissional. Porém, há os defensores de uma sanção intermediária que é a da suspensão (provisória) da carreira, considerando que seus antecedentes são todos positivos e que tem um histórico de bons serviços prestados.