Jesus, ressurreição e vida – Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório
Os textos do Evangelho que viemos meditando, neste tempo quaresmal, nos revelam a identidade de Jesus e seu mistério.
No primeiro domingo Jesus vence a tentação sobre um tipo de messianismo que deverá assumir; no segundo é o Pai que da nuvem revela: “este é o meu Filho amado”; a samaritana assegura que ele tem a água viva que jorra para a vida eterna; ao cego de nascença garante: “o Messias, sou eu que estou falando contigo”.
Todos estes encontros produziram mudanças fundamentais nas pessoas que encontraram Jesus. Todos experimentaram um benefício pessoal, uma libertação que deu novo sentido às suas vidas.
A ressurreição de Lazaro é o último dos sete sinais realizados por Jesus. Todos terminam com uma confissão de fé. Diante da promessa de ressurreição, Marta confessou: “Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que vem ao mundo”.
Depois de coração aliviado e cheio de esperança por Jesus ter garantido a ela que “Ele é a ressurreição e a vida”, vai dizer baixinho a sua irmã Maria: “O Mestre está aí e te chama”.
Jesus, depois de rezar ao Pai, ordena: “Lazaro vem para fora!” e depois: “desatai-o e deixai-o caminhar!” Diante de sinais tão evidentes do seu poder, muitos judeus creram nele.
É bonito ver Jesus que se comove diante da dor. Muitas das suas ações revelam sua compaixão pelo sofrimento humano e isso leva as pessoas a acreditar nele e gozar da vida plena.
Como Lazaro, todos somos chamados a sair dos túmulos do medo, acomodação, egoísmo e tristeza; a desatar as amarras dos sistemas que oprimem e matam. Os seguidores de Jesus, não podem permanecer escravos, amarrados, mas viver na liberdade dos filhos de Deus, pois “é para a liberdade que Cristo nos libertou”.
Se formos sinceros conosco mesmos, devemos reconhecer que ainda não somos plenamente livres, lutamos contra alguma amarra que nos prende e impede um maior vigor espiritual, um testemunho mais radical, um anuncio mais ousado, um compromisso maior com a transformação da sociedade, nunca como hoje marcada pela injustiça e a corrupção.
Precisamos sair dos nossos túmulos inertes do medo, apatia e indiferença para cobrar dos nossos políticos reformas por condições mais dignas de vida: trabalho, moradia, educação, saúde, aposentadoria. Leis mais justas e voltadas aos mais pobres e indefesos.
Seguindo as pegadas de Jesus – ressurreição e vida – acreditamos chegar à verdadeira liberdade.
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório