“Jogo” Baleia Azul em Osório
Matéria editada com a nota oficial do município.
A Prefeitura Municipal de Osório divulgou no final da tarde desta quinta-feira (20), uma nota de esclarecimento sobre o suposto caso da “Baleia Azul”.
No dia de hoje, o prefeito Eduardo Abrahão havia utilizado sua conta pessoal no facebook para afirmar que uma criança havia sido atendida com mutilações em um posto de saúde da cidade. Também disse haver relatos se confirmando que o jogo teria chegado em Osório e circulando que participantes iriam entregar balas envenenadas em portões de escolas do município. A postagem foi excluída minutos depois, pois uma nota seria divulgada pelo executivo.
A nota oficial do executivo negou qualquer ligação com o jogo, mas afirmou: “sim, temos casos em Osório de adolescentes que se auto mutilam, que pensam em suicídio ou que já tentaram e também os que conseguiram”.
Veja abaixo a nota na íntegra
“Nota de esclarecimento
Em Osório, a notícia oficial é de que não há casos da Baleia Azul
Aos pais e à sociedade em geral, pois a proteção da criança e do adolescente é dever de todos. Na verdade, a proteção da vida é dever de todos!
O jogo Baleia Azul é mais um jogo criado para seduzir jovens, que por características de seu período evolutivo, buscam testar seus limites e de seus familiares. É um período de fragilidade emocional, apesar de sua beleza. O que vemos é um nome novo para algo que já existe: seres humanos perversos se aproveitando de jovens fragilizados. Quem de nós não ouviu de algum adulto uma vez na vida: “não aceite nada de estranhos”, “cuidado que nas portas das escolas oferecem drogas”, “não bebe nada no copo dos outros”? Todos nós.
Sim, temos casos em Osório de adolescentes que se auto mutilam, que pensam em suicídio ou que já tentaram e também os que conseguiram. Temos no mundo inteiro. E isto tudo muito antes do jogo Baleia Azul e da série 13 Reasons Why. Por isso A Prefeitura Municipal aderiu a partir do ano passado a um movimento mundial chamado Setembro Amarelo, que trabalha a prevenção do suicídio, através de ações de conscientização e treinamento dos profissionais de saúde para atender a estes casos. Porque este é um problema mundial de saúde pública e no Brasil é uma das primeiras causas de morte de adolescentes.
Talvez a Baleia Azul tenha vindo para nos alertar, mais uma vez, de que temos que estar atentos aos nossos filhos, que temos que entender o progresso dos meios de comunicação, para podermos controlá-los, e não proibir, pois de nada adianta. Talvez para nos lembrar que o meio de comunicação mais eficaz ainda é o olho no olho, é a manifestação genuína de amor, é o acolhimento do filho como ele é , e não como eu quero que ele seja. E principalmente: não ter medo de falar para o filho o que sente, só assim ele aprenderá a fazer o mesmo!
O município de Osório conta com um Centro de Atenção Psicossocial, chamado Casa Aberta, que conta com uma qualificada equipe de saúde mental, que está à disposição da comunidade para esclarecimentos, como já faz há muito tempo. Também em qualquer posto de saúde do município as equipes estão preparadas para fornecer ajuda e informações. O pânico e a propagação de informações sem a confirmação de sua fonte nunca foi uma boa estratégia de enfrentar situações difíceis, manter a calma e buscar ajuda sempre é o melhor caminho.
Vamos enumerar alguns sinais que os pais devem sempre, e não somente agora, observar em seus filhos:
– falas sobre morte e suicídio, mesmo que indiretamente, ou preocupação com morte, morrer e violência;
– isolamento;
– perda do interesse em atividades que gostava ou nas pessoas;
– mudanças nos hábitos de sono e/ou alimentares;
– irritabilidade, crises de raiva;
– piora no desempenho escolar e/ou recusa em ir à escola;
– comportamentos auto-destrutivos (auto-mutilação, uso de álcool e drogas, exposição à situações de risco) e eles escondem muito bem;
– tentativas de suicídio anteriores;
– diagnóstico prévio de doença mental;
– exposição à violência e/ou bullying;
– abuso sexual;
– postagens de baixa auto-estima em redes sociais;
– interesse anormal por filmes de terror, passando horas assistindo;
– história de suicídio na família.
Denize Beckel Amaral Prates- psicóloga/ coordenação municipal de saúde mental.”