Em um desgastante julgamento que durou 18 horas e 30 minutos, Nei César Silveira da Silva, de 49 anos, foi absolvido por 7 votos a 0, da acusação de homicídio doloso, de sua ex-mulher, Rosane Fogaça Fraga, Rose, como era conhecida, na época do crime ocorrido no dia 02 de maio de 2006, com 36 anos, no centro da cidade de Osório. A argumentação é de que Silva agiu em legítima defesa.
A Quarta-Feira (14) começou movimentada no Fórum de Osório. Desde as 8 horas e 30 minutos, centenas de pessoas se aglomeraram no saguão do 4° andar a espera de uma senha para poder assistir o julgamento no salão do júri. Com atraso de 45 minutos, o Juiz de Direito Alexandre de Souza Costa Pacheco, fez o sorteio dos 07 entre os 16 jurados presentes que decidiriam o futuro do acusado. Destes, 02 estavam impossibilitados de participar da bancada. Um por problemas de saúde, outro por parentesco com pessoas ligadas ao caso, o que impossibilita automaticamente a pessoa de participar da sentença.
Logo que chegou no salão principal do tribunal judiciário, o acusado mostrava-se muito abatido, cabelos brancos e despenteados, pele muito clara, sendo nítida de uma pessoa que há muito tempo não tem o privilégio de tomar sol freqüentemente, sempre com semblante triste, não escondendo a angustia e preocupação pela qual passava, chegando a chorar discretamente, chamando atenção apenas aos mais atentos.
Ao ser indagado sobre fatos que relembravam o crime, Nei inúmeras vezes interrompeu sua fala contido por lágrimas.
Outro acontecimento que marcou um dos maiores julgamentos que a cidade de Osório já presenciou foi o embate em alto nível do Promotor de Justiça, João Carlos Fraga e do Advogado de defesa, Alexandre Wunderlich, ex-Diretor Geral da Escola de Advocacia, prendendo a atenção de dezenas de estudantes do curso de Direito, das Universidades: UNISINOS, UNISC, PUCRS e ULBRA que prestigiavam e acompanhavam atentamente todo e qualquer movimento dos debatentes.
Exatamente às 3 horas e 30 minutos desta Quinta-Feira, foi finalizado e divulgado a sentença final, onde uma multidão ainda aguardava o resultado. No meio da leitura do veredito, quando o Juiz anunciou que o réu foi absolvido, o público aplaudiu e comemorou com grande entusiasmo, onde o magistrado pediu que a platéia se silenciasse para o término da leitura da sentença. Após o final dos trabalhos jurídicos, a sala do júri se transformou em uma grande “festa”, com direito a abraços acalorados, choros incontidos e muita emoção.
– Muito obrigado! Obrigado por tudo! – disse Nei César Silveira da Silva, muito emocionado.
O resultado também trouxe lágrimas para quem trabalha com isso há muitos anos, indagado pela reportagem do Portal Litoralmania, o advogado que atuou na defesa, Alexandre Wunderlich, chorou e descreveu o seu sentimento após uma longa batalha:
– Eu sempre tentei representar os amigos dele e tudo o que a sociedade esperava, é difícil descrever o que sinto agora – emocionou-se o especialista e Mestre em Ciências Criminais.
Já o advogado Carlos Eduardo Fogaça Lisboa, que também participou da defesa, resumiu o que sentia:
– Sentimento de justiça, a decisão refletiu o que a sociedade aguardava.
A reportagem do Litoralmania ouviu também a opinião de dois acadêmicos de Direito, sobre o caso.
– Foi uma decisão não apenas dos jurados e sim a vontade da comunidade. – disse Valdeniro Ribeiro da Silva, de 21 anos, estudante do 5° semestre, da UNISC e estagiário da Procuradoria Geral do Estado.
Para Matuzalem Cardozo, de 31 anos, aluno do 10° semestre, UNISINOS, “a justiça foi feita e expressou a decisão do povo”.
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