Justiça proíbe Baby Doc de deixar o Haiti
Acusado de crimes contra a humanidade, o ex-presidente do Haiti Jean-Claude Duvalier, conhecido como Baby Doc, está proibido de deixar o país por ordem da Justiça. Depois de 25 anos exilado na França, o ex-presidente retornou ao Haiti no último domingo (16) quando estava marcada a realização do segundo turno das eleições, medida que foi adiada. Para especialistas internacionais, ele tem pretensões de voltar ao poder.
Grupos de defesa dos direitos humanos e de apoio a refugiados e repatriados no Haiti lideram movimento para a abertura de processos contra Baby Doc. Além de ser acusado de promover assassinatos, torturas e perseguições, também é denunciar de manter um sistema de trabalho escravo vinculado a pessoas da República Dominicana.
Anteontem (19), Baby Doc passou por um interrogatório, organizado por autoridades do Haiti. As autoridades sinalizaram que ele será interpelado judicialmente. As organizações estrangeiras mantêm em alerta a presença do ex-presidente no país. Ele ainda não explicou as razões de seu retorno a Porto Príncipe (capital haitiana).
Baby Doc governou o Haiti de 1971 a 1986, período considerado um dos mais violentos, e só deixou o poder depois de uma reação popular. Ele mantinha uma milícia acusada de promover ações violentas, assassinatos, torturas e outros crimes. Na sua gestão, a economia haitiana sofreu drásticas perdas e a dívida externa aumentou em 40%.
A presença de Baby Doc elevou a tensão no país, que vive um período de vazio político, pois um comitê internacional constatou fraudes nas eleições. Além disso, há dificuldades causadas pela epidemia de cólera e a reconstrução da infraestrutura do Haiti – destruída pelo terremoto de 12 de janeiro de 2010.