Laudato si, mi Signore – Por Dom Jaime Pedro Kohl
“Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras”. Assim exprimia São Francisco de Assis seu louvor a Deus através das obras.
Inspirado nesse cântico, o Papa Francisco escreveu sua encíclica “Laudato si”, sobre o zelo que devemos ter com as criaturas que Deus nos deu, o cuidado da casa comum, “a nossa irmã terra”.
Numa posição de equilíbrio entre os ambientalistas e ecologistas com visão apenas naturalista da questão e os gananciosos pelo dinheiro, que visam apenas o lucro sem se preocuparem com os danos ambientais, ambos muitas vezes esquecidos da centralidade e dignidade da pessoa humana, o Papa adota uma correta posição teológica e antropológica diante do problema da natureza criada por Deus e dada ao homem.
O Papa lembra que “esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou”.
Alguns textos que nos estimulam a querer saber mais e ler a encíclica:
“Se o ser humano se declara autônomo da realidade e se constitui dominador absoluto, desmorona-se a própria base da sua existência, porque em vez de realizar o seu papel de colaborador de Deus na obra da criação, o homem substitui-se a Deus, e deste modo acaba por provocar a revolta da natureza”.
“Em vez de resolver os problemas dos pobres e pensar num mundo diferente, alguns limitam-se a propor uma redução da natalidade. Não faltam pressões internacionais sobre os países em vias de desenvolvimento, que condicionam as ajudas econômicas a determinadas políticas de ‘saúde reprodutiva’”.
“Uma vez que tudo está relacionado, também não é compatível a defesa da natureza com a justificação do aborto. Não parece viável um percurso educativo para acolher os seres frágeis que nos rodeiam e que, às vezes, são molestos e inoportunos, quando não se dá proteção a um embrião humano ainda que a sua chegada seja causa de incômodos e dificuldades”.
“É preocupante constatar que alguns movimentos ecologistas defendem a integridade do meio ambiente e, com razão, reclamam a imposição de determinados limites à pesquisa científica, mas não aplicam estes mesmos princípios à vida humana.
Muitas vezes, justifica-se que se ultrapassem todos os limites, quando se faz experiências com embriões humanos vivos. Esquece-se que o valor inalienável do ser humano é independente do seu grau de desenvolvimento.
Quando a técnica ignora os grandes princípios éticos, acaba por considerar legítima qualquer prática. A técnica separada da ética dificilmente será capaz de autolimitar o seu poder”.
Vale a pena ler.
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório – domjaimep@terra.com.br