Livros, livros à mão cheia…
LIVROS, LIVROS À MÃO CHEIA
As voltas com o trabalho, a faculdade, e durante um café e outro no Café com Letras, lembrei-me, essa semana, de Castro Alves:
“Oh! Bendito quem semeia livros,
Livros à mão cheia,
E manda o povo pensar!
O livro caindo n’alma,
É germe que faz palma,
É chuva que faz o mar!”.
Deve o escritor, e historiador, antes de tudo ser um leitor. O poema de Castro Alves, escrito há mais de 100 anos, é um pedido, mais que isso é um apelo, a leitura e aos livros.
LIVROS I
Além dos livros indicados pelos professores, que não foram poucos, me dediquei há algumas leituras particulares no último semestre. Três livros de assuntos distintos: uma biografia – que ganhei de presente, Mozart por trás da máscara, do uruguaio Lincoln Maitzegui Casas, um relato de viagem, Duas viagens ao Brasil, de Hans Staden, e um de filosofia, Parerga e Paralipomena, de Arhur Schopenhauer.
LIVROS II
Mozart é paixão antiga – ouço o gênio de Salzburg desde os 15 anos, mas o livro de Casas trás aspectos interessantes da vida do compositor. Não é uma biografia narrativa, longe disso, é a análise do homem por trás de sua obra. E Mozart é uma personalidade tão rica quanto sua música. De fundo toda a sociedade européia pré-Revolução Francesa.
Staden é uma maravilha pitoresca. Publicado em 1557, em Marburg, é o relato de duas “aventuras” do alemão em terras brasileiras recém “descobertas”. A visão do europeu explorador diante do tupiniquim explorado. Um choque de culturas distintas, antropologia pura.
E Schopenhauer, o grande opositor de Friedrich Hegel, o mais intrigante deles. Escrito em 1851 a obra é composta de reflexões sobre o ato de pensar, a escrita e a leitura. Página após página parecia ler algo recém saído de uma gráfica do século XXI. “Em geral, estudantes e estudiosos de todos os tipos e de qualquer idade têm em mira apenas a informação, não a instrução. Sua honra é baseada no fato de terem informações sobre tudo, sobre todas as pedras, ou plantas, ou batalhas, ou experiências, sobre o resumo e o conjunto de todos os livros. Não ocorre a eles que a informação é um mero meio para a instrução, tendo pouco ou nenhum valor por si mesma.”, escreveu ele. Pena que alguns o rotulem como um filósofo pessimista…
A 23.ª FEIRA DO LIVRO DE OSÓRIO
Lembrei dos livros, porquê se aproxima o momento máximo do livro, do escritor, do leitor: a feira do livro. É na feira que quem produz o livro pode trocar idéias com quem os lê. É na feira que a criança desenvolve o hábito da leitura. È na feira que o adulto pode desenvolver seu conhecimento. E, a exemplo do ocorrido no ano passado, a Feira de Osório promete e promete muito. Nesse ano fiquei de fora da organização por motivos ligados ao trabalho, mas dois grandes amigos que partilham comigo o gosto pela leitura, os professores Jerri Almeida e Delaves Costa, têm me deixado por dentro dos planos da feira.
Não é preciso dizer mais nada, apenas citar os escritores que estarão na feira: Anonymus Gourmet, Carlos Urbim, Charles Kiefer, David Coimbra, Eduardo Bueno, Moacir Costa, Rui Carlos Ostermann, além dos escritores do litoral norte entre outros.
A 23.ª Feira do Livro de Osório ocorre de 28 de novembro a 6 de dezembro, na Praça da Catedral. Junto a Feira acontece o 5.° Encontro dos Escritores, a 4.ª Festa da Leitura e o 1.° Catavento Literário.
IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE HISTÓRIA E CULTURA NEGRA
Outro sucesso de cultura em Osório, que aconteceu na FACOS durante a última semana. Tive a oportunidade de assistir duas palestras: a do Prof. Ms. Antônio Domingos Braço, da Universidade Pedagógica de Moçambique, e do Prof. Ms. Alexsandro Machado da UFRGS.
A primeira intitulada “Identidade na diversidade cultural: um olhar para a realidade moçambicana” e a segunda “Cartas de Moçambique: (des)construções dialogadas de imagens de África”. As duas relacionadas à educação e diversidade cultural em Moçambique. Além da simpatia dos palestrantes uma fantástica abordagem sobre o tema. No próximo semestre estudarei África com a Prof.ª Ms. Viviane Saballa, uma das coordenadoras do Simpósio. Estou ansioso.
CATEDRAL
De ruim nessa semana apenas a notícia de que a “Santa” Igreja Católica Apostólica Romana deseja gastar aproximadamente R$ 1 milhão na remodelação da Catedral. Gostaria muito de saber se a igreja gasta semelhante quantia em ajuda aos pobres que rondam as periferias de Osório.
Por que se não estou errado esse era um dos ensinamentos do nazareno: “Amai ao próximo”, ou ele teria dito amai o dinheiro?
Mas isso fica para uma outra coluna….