Lula chama países ricos de irresponsáveis na abertura do encontro do G20
Diante de ministros da área econômica e presidentes de bancos centrais de 18 países e da União Européia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou hoje (8) os países ricos de irresponsáveis, na abertura da reunião do G20, o grupo das maiores economias mundiais.
Lula disse que não é justo que o resto do mundo pague pelas inconseqüências dos mercados financeiros e foi categórico: quem deve tomar medidas para evitar maiores conseqüências da crise financeira global são as nações desenvolvidas.
“É hora de uma ação coordenada. Mas o exemplo deve partir dos países ricos. É deles que se espera a adoção das principais medidas nesse sentido.”
O presidente enfatizou que a crise nasceu nas economias avançadas, em conseqüência da “crença cega” na capacidade de auto-regulação dos mercados e pela falta de controle sobre as atividades dos agentes financeiros.
“Por muitos anos, especuladores tiveram lucros excessivos, investindo o dinheiro que não tinham em negócios mirabolantes. Todos estamos pagando por essa aventura”, afirmou.
Lula criticou a postura dos países ricos em vários momentos. “A desordem que se instaurou nas finanças mundiais, nos últimos anos, ameaça o funcionamento da economia real. O preço a pagar por essa irresponsabilidade se pode medir de várias formas. Para nós, o que importa é a ameaça de uma recessão generalizada e, na sua esteira, a perda de milhões e milhões de empregos, o aumento da pobreza e da exclusão.”
Em outro ponto do discurso, ele voltou a pedir que os ricos assumam as conseqüências de suas práticas de livre mercado. “As políticas de cada país não podem transferir riscos e custos a outros países. Cada país deve assumir suas responsabilidades”, ressaltou.
Para Lula, cabe aos países ricos adotar medidas de liquidez para trazer liquidez aos mercados internacionais. “Os países desenvolvidos e instituições como o Fundo Monetário Internacional [FMI] devem adotar medidas para restaurar a liquidez nos mercados internacionais.” O diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, estava entre os ouvintes.