Mais de mil palhaços no salão
Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando sim:”
Iniciam-se, neste sábado, os festejos momescos. A certeza desta afirmação resumir-se-ia tão-somente ao Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Sim, pois Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco iniciaram suas folias no dia primeiro do ano e prometem se estender até o mês de março, na Quaresma. – “Depois, “Mainha”, “meu rei”, pernas pro ar que ninguém é de ferro, não!”.
Que eu quero saber o seu jogo,
Que eu quero morrer no seu bloco,
Que eu quero me arder no seu fogo”.
Não sou homem de preconceitos. Ou gosto ou desgosto É um direito a qualquer ser humano. sou um intransigente defensor das diversidades de raça, cor, credo ou orientação sexual. Isso dito, não há, o que poderia à primeira vista parecer, qualquer discriminação aos nordestinos ou a quem faz do seu calendário um ano inteiro de festas.
O meu tempo inteiro só zombo do amor.
Eu nado em dinheiro.
Não tenho um tostão.
Eu tenho um pandeiro.
Só quero violão”.
São aqueles brasileiros nordestinos, reconhecidamente, gente alegre, musical, descontraída, devagar-quase-parando. Baiano jamais há de morrer de estresse (para pura inveja nossa), privilégio de quem vive e curte o clima tropical. Não há demérito na alegria, na descontração, no axé e na musicalidade daquele povo. Ser devagar-quase-parando torna-se virtude.
Eu, modéstia à parte, nasci pra sambar.
Eu sou tão menina.
Meu tempo passou.
Eu sou Colombina.
Eu sou o Pierrot”.
Elevam-me às alturas sambistas do quilate de Jorge Aragão, Dudu Nobre, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Chico Buarque e outros já imortais. Pagodeiros ao nível de Zeca Pagodinho deleitam-me os sentidos. Não me atraem os bailes de carnaval, manifestação do nosso eu primata, irracional. Embora não faça meu gênero essas preferências, defenderei ardorosamente o direito ao sonho da porta-bandeira, do mestre-sala e da bateria da Beija-Flor de Nilópolis ou Mocidade Independente de Padre Miguel da disputa de uma campeoníssima. Defenderei, acima de tudo e até a morte, a liberdade de cada brasileiro de sambar atrás do trio-elétrico e de beber até cair. Afinal, desordem e carnaval foram as únicas coisas que deram certo no Brasil, sil, sil…
Não me diga mais quem é você
Amanhã tudo volta ao normal,
Deixe a festa acabar,
Deixe o barco correr,
Deixe o dia raiar
Que hoje eu sou
Da maneira que você me quer,
O que você pedir eu lhe dou,
Seja você quem for,
Seja o que Deus quiser…”