Menor em festas está exposto à drogadição e ao alcoolismo
Quem diria, em outros tempos, que haveria algo pior para a nossa juventude do que a maconha? Pois hoje o Crac está chegando com força às mãos da gurizada e, via de regra, depois do primeiro copo de cerveja, viciando sem pedir permissão e destruindo a vida e as famílias de jovens.
Porém, o canto da sereia do prazer alucinógeno momentâneo não atrai da mesma forma quando o ‘cliente’ está sóbrio e tem capacidade de entender o que está acontecendo e discernimento para fugir de enrascadas. Por isso, é muito mais fácil convencer um novo cliente a experimentar a maldita pedrinha quando a lucidez do teu filho se perdeu num copo de cerveja. Nas festas, onde a bebedeira corre livre e a juventude desfila tequilas e ‘longnecs’, a aceitação do adolescente é muito mais fácil, sendo muitas vezes, trocada pela iniciação no grupinho dos ‘moderninhos’. ‘Prova que tu é homem!’… E lá se vai um futuro engenheiro pras cucuias.
O jovem é seduzido de forma ingênua, por conta da bebida, e cai num buraco de trevas e de difícil saída. Para muitos não há saída. Quando a família tem recursos, e pode bancar uma boa clínica, a solução vem trocada por dinheiro. Mas quando a família não tem muitas posses, como na maioria dos casos, a dor e o sofrimento passam a sentar na mesa, a ocupar as noites, a tornar obscuros os dias de pais e de mães, que adoecem junto com o filho ou a filha. E mesmo com dinheiro, muitas vezes a família não consegue resgatar um adolescente seduzido pelo mundo da droga. É uma clínica depois da outra e muito pouca evolução. Sem a vontade e a determinação do viciado, tudo fica mais difícil.
Em Osório temos inúmeros exemplos de casos onde jovens jogaram fora um excelente futuro e levaram suas famílias ao desespero. Li, outro dia, um belíssimo texto no Correio do Povo, onde o autor falava da morte de médicos e engenheiros, pelo falecimento do projeto futuro de um jovem entregue ao mundo da drogadição.
Acompanhamos nossos filhos crescendo, alimentando projetos de vida, de carreira, de encaminhamento para a vida adulta e profissional, falamos com eles sobre netos e, de repente, nossos bebês se transformam em zumbis doentes, viciados, revoltados, violentos, vitimados por uma brincadeira que começou numa boate, depois do primeiro copo de cerveja.
E agora vem, de sopetão, uma patuléia brincando de fazer política, na pior forma possível, lançando ‘movimentos’ pra liberar idade nas boates e festas de Osório, tentando jogar por terra todo o trabalho de vários anos da Coalizão, do Comen, do Amor Exigente e do Conselho Tutelar, fazendo demagogia, querendo cooptar a intenção de voto dos nossos filhos, simplesmente com o interesse demagógico de projetar uma candidatura… Sim, porque se houvesse qualquer preocupação com os jovens o discurso estaria focado em qualificação profissional ou em educação de qualidade.
Política não é uma coisa pra brincar de agradar quem quer vender pedras de Crac para os jovens de Osório. Política não é o caminho para quem quer se manter no mundo das drogas. Usar um movimento bonito e próspero como a Juventude do PDT para lançar um movimento contra uma Lei Federal como o Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, para ganhar votos pro pré candidato tal, chega a parecer irresponsabilidade.
Mais lamentável ainda é ver que o PDT dos adultos não puxou a orelha da sua juventude, como um pai responsável e preocupado com o futuro do seu filho deveria fazer. Liberdade tem preço e depende da confiança, da responsabilidade. Um pai sabe disso. Um filho bem educado, também.
A ala jovem de qualquer partido tem o belíssimo papel de inserir o jovem na discussão política da comunidade, buscando políticas públicas que atendam os interesses desta parcela de eleitores. Existem inúmeras preocupações que afetam os adolescentes, como ausência de espaços de lazer, de cultura, e de profissionalização, de encarreiramento, etc.
Agora, de forma alguma podemos permitir que seja usado como bandeira política a preocupação de traficantes que perderam espaço e reduziram a venda de pedras de crac em Osório desde que a proibição entrou em vigor. Aliás, nos últimos dois rodeios de Osório, não houveram ‘comas alcoólicos’ de adolescentes.
Não é dos partidos a responsabilidade de gestão dos clubes privados. Há empresários cujos ‘bailes’ estão bombando, abarrotados. E se há espaço para que alguém crie uma boate para menores sem venda de bebidas alcoólicas, que a iniciativa privada o ocupe. Acredito que alguns empresários, mesmo que a Lei fosse alterada, não liberariam a portaria para menores, porque devem estar atentos de que o público, agora, está mais satisfeito com a boate sem piazada. Os adultos gastam mais e bagunçam menos. Muita gente que não ia ao Macaha porque era considerado um ‘berçário’, agora vai.
Outro detalhe: não é do legislativo municipal o papel de alterar Lei Federal, que se sobrepõe a qualquer dispositivo das outras esferas políticas, quer sejam estaduais ou municipais. O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece este regramento, o das idades e as restrições.
Espero que o tal ‘movimento’ não passe de barulho ou brincadeirinha sem graça pra ter 15 minutos de fama. Mas se levarem a sério, tenho certeza que a sociedade osoriense e as famílias que tem filhos adolescentes estarão atentas e farão o papel que lhes cabe, educando e ensinando os caminhos a serem seguidos.
Lamento muito pelos pais e mães que liberam seus filhos ou filhas para irem a boates em outros municípios, lançados à própria sorte em festas onde a bebida, a droga e as DSTs correm soltas, tendo que retornar pra casa de madrugada, numa carona com alguém que só Deus sabe em que condições estará dirigindo.
Esta questão das idades e todo o contexto, deveria ser tratado apenas no ano que vem, sem interesses escusos inflando emoções e paixões político eleitoreiras cutucando com vara curta.