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Monitoramento revela resultados preocupantes em rios e lagoas da região

Sem-Título-1Desde sua primeira fase, o Projeto Taramandahy realiza o monitoramento da qualidade ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí, através da análise e interpretação dos dados do estado da água, sedimento e pescado. A ação tem parceria do Ceclimar/UFRGS (Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e é patrocinada pela Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental, que assim apoia ações de reversão dos processos de degradação dos recursos hídricos.  O objetivo do monitoramento da água é, entre outros, fornecer dados que fundamentem a tomada de decisões dos órgãos públicos de gestão e órgãos de fiscalização ambiental, visando à minimização dos impactos antrópicos cumulativos.

No Projeto Taramandahy – Fase II são efetuadas mensalmente, coletas em quatorze pontos na Sub-Bacia Norte, Sub-Bacia Sul e estuário da Bacia Hidrográfica do Tramandaí. As coletas analisam trinta e cinco parâmetros por ponto nas águas do Rio Três Forquilhas, Rio Maquiné, na Laguna Tramandaí e em mais nove lagoas. Segundo Cacinele Rocha, química responsável pelo monitoramento, o Projeto possibilitou a avaliação de aspectos mais profundos: além da parte físico-química e biológica, incluiu-se análise de metais pesados e agroquímicos.

Os resultados das análises mostraram que, nos três nichos – água, sedimentos e pescado – a Bacia tem grande concentração de metais pesados. Dos principais elementos analisados: cádmio, cromo, chumbo e mercúrio, o último passou do limite pré-estabelecido pelo CONAMA (357/2005). De acordo com Rocha, foram detectados altos níveis de metais também nos sedimentos e no pescado (fígado e carne), sendo que a análise da carne é um indicador de contaminação humana, através do consumo de peixe: “Nós consumimos e bioacumulamos, ou seja, nos alimentamos e não eliminamos. Só vai acumulando no organismo.”

Os agroquímicos não foram detectados nas análises de água dos arrozais, realizadas entre os quatro meses de plantio – novembro a fevereiro. O resultado se deve ao fato da dificuldade de fazer a coleta justamente no momento da aplicação de agroquímicos, que acabam se diluindo rapidamente: “No mesmo momento que entram no ambiente, já começam a se fracionar, permanecendo com outra característica, mas mantendo seu efeito tóxico.”

No entanto, o monitoramento nos rios Três Forquilhas e Maquiné detectou a presença de coliformes totais (Escherichia coli) em níveis muito acima do que as portarias limitam para o abastecimento, lazer ou pesca. Rocha explica que o alto índice de coliformes totais está vinculado ao esgoto doméstico, aos criadouros de animais em beiras do rio e na incidência de restos de animais mortos dentro dos mesmos. Os níveis de Nitrogênio (N) e Fósforo (P) são muito altos devido ao uso de fertilizantes nas lavouras de hortaliças, bem como a queima de áreas de plantio na região da Serra.

Os altos níveis de N e P encontrados nos rios ocasionaram o surgimento de algas cianofíceas na Lagoa dos Quadros, cujo abastecimento nas cidades de Capão da Canoa e Xangri-Lá pode ser prejudicado, caso ocorra uma mudança na direção dos ventos, de Nordeste para Oeste, que empurre as algas para o local de captação da água. Rocha chama a atenção para o tempo da eutrofização da Lagoa – cuja camada de algas chega a medir 15 centímetros de espessura em alguns pontos – que iniciou em junho de 2014 e permanece até o momento.

Em termos de qualidade da água, os resultados apontaram a Lagoa do Marcelino, em Osório, como um dos pontos mais poluídos, devido ao lançamento de esgoto doméstico não tratado. Já, a Lagoa do Bacopari em Mostardas, pode ser considerada uma das menos poluídas, com menos matéria orgânica. Porém, com a existência de metais pesados.

Atualmente, a equipe também realiza o monitoramento de metais nas regiões costeiras da Bacia. Rocha destaca que a areia da praia, por diferentes fatores geológicos, possui teores de metais pesados mais elevados.

O monitoramento será realizado ainda durante o ano de 2015 e prevê a produção de um livro sobre a qualidade das águas da Bacia do Rio Tramandaí.

Anaiara Ventura 

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