Morre o ator Paulo Autran
Autran foi internado na tarde de quinta-feira (11), em estado grave. Ele já havia deixado o Sírio Libanês na terça-feira (9), após mais uma internação. O ator estava sob os cuidados médicos de Drauzio Varella. Segundo nota do hospital, o ator morreu às 16h10.
O velório será realizado na Assembléia Legislativa de São Paulo ainda nesta sexta-feira.
Nos últimos meses, as internações de Autran se tornaram mais freqüentes. Em junho, ele ficou por dez dias na Unidade Crítica Coronariana do Sírio Libanês. Em abril, foram três dias no hospital por conta de um processo infeccioso.
Uma vida dedicada ao teatro
Paulo Autran nasceu no Rio de Janeiro em 1922. Formou-se em direito, no ano de 1945, pela Faculdade do Largo São Francisco (USP) e chegou a advogar. Começa no teatro dois anos depois, com o grupo Artistas Amadores e a peça “Esquina perigosa”. Em 1949, inicia sua longa parceria e amizade com a atriz Tônia Carrero, com “Um Deus dormiu lá em casa (anfitrião)”, considerado o seu primeiro papel como ator profissional, com o qual é premiado pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais, de acordo com a biografia “Paulo Autran: um homem no palco”, do crítico Alberto Guzik.
A partir daí, Autran participa da encenação de vários textos importantes como “Seis personagens à procura de um autor”, de Pirandello, “A dama das camélias”, de Alexandre Dumas Filho e “Otelo”, de Shakespeare. Em 1962, faz “My fair lady” ao lado de Bibi Ferreira. Recebe o prêmio de melhor ator da Associação Paulista dos Críticos Teatrais por “Depois da queda”, texto do dramaturgo norte-americano Arthur Miller.
Nessa mesma década participa de um dos principais momentos da cinematografia brasileira, atuando em “Terra em transe” (1967), de Glauber Rocha. A partir do final da década de 70, faz um musical, “O homem de la mancha”, inspirado em “Dom Quixote”, trabalha com diretores conceituados como Fauzi Arap e Antunes Filho. Mais tarde, atua em novela de sucesso como “Pai herói”, “Os imigrantes”, “Sassaricando”, além de minisséries como “Hilda furacão” e “Um só coração”.
Seu último trabalho de destaque foi a encenação da peça “O avarento”, de Molière, traduzida e adaptada por Felipe Hirsch. Algumas sessões tiveram de ser canceladas em virtude de internações de Paulo Autran. Em entrevista à jornalista Marília Gabriela, o ator confessou que, aos 83 anos na época, ainda fumava consideravelmente. “Fumo porque sou burro. Não tenho forças pra largar. Fumo 12, 13 cigarros por dia.”
Ele também fez uma participação no filme “O ano em que meus pais saíram de férias”, de Cao Hamburger, escolhido para tentar representar o Brasil no Oscar do próximo ano. Um espaço no Sesc Pinheiros, em São Paulo, ganhou o seu nome neste ano.