Variedades

Muçulmanos exigem pedido de desculpas do papa

Um comunicado do Vaticano – afirmando que o papa Bento 16 nunca teve a intenção de ofender muçulmanos – não foi suficiente para aplacar as reações de líderes islâmicos em todo o mundo a uma citação supostamente anti-islâmica feita pelo pontífice em uma conferência na Alemanha.
Falando de guerra santa em uma universidade alemã, na terça-feira, o papa citou um imperador cristão ortodoxo do século XIV que afirmava que o profeta Maomé só havia trazido “coisas más e desumanas”.

Nesta sexta-feira, o Parlamento paquistanês aprovou por unanimidade uma resolução recriminando o papa Bento 16 por suas palavras e exigindo um pedido de desculpas do pontífice.

“Os comentários depreciativos do papa sobre a filosofia da jihad (guerra santa) e do profeta Maomé feriram sentimentos em todo o mundo islâmico e podem gerar um mal-estar entre as religiões”, dizia a resolução, citada pela agência AFP.

O líder da Irmandade Muçulmana do Egito, Mohammed Mardi Akef, disse que as palavras do papa causaram “revolta em todo o mundo islâmico” e representam “crenças erradas e distorcidas que estão sendo disseminadas no Ocidente”.

Para Youssef al-Qardawi, um proeminente clérico muçulmano no Catar, ouvido pela agência Reuters, os muçulmanos têm o direito de se sentirem ofendidos pelos comentários do papa.

“Queremos que o papa peça desculpas à nação islâmica por ter insultado sua religião, seus profeta e suas crenças”, afirmou ele.

Vaticano

O porta-voz do Vaticano Federico Lombardi afirmou que a intenção da igreja é “de cultivar uma posição de respeito e diálogo com outras religiões e culturas, e isso claramente inclui o Islã”. Mas a declaração não teve o efeito desejado.

Apesar de ter frisado que as palavras não eram suas, o sumo pontífice católico foi chamado de “irresponsável” por líderes religiosos muçulmanos ao citar o imperador cristão, que teria dito: “Mostre-me tudo o que Maomé trouxe de novidade, e encontrarás apenas coisas más e desumanas, como sua ordem de espalhar com a espada a fé que ele pregava”.

O líder religioso turco Ali Badda Kolu Kolu lembrou as atrocidades cometidas pelos cruzados romanos contra cristãos ortodoxos e judeus, assim como muçulmanos, na Idade Média.

Ele também afirmou que os comentários de Bento 16 refletiam “um ponto de vista repugnante, hostil e preconceituoso”, e afirmou esperar que as palavras não espelhassem “ódio no coração” do papa.

Bento 16 deve visitar a Turquia em novembro, e seus comentários vieram no momento errado, disse a correspondente da BBC em Istambul, Sarah Rainsford.

Comentários

Comentários