Muito bem, servo bom e fiel! – Dom Jaime Pedro Kohl
A parábola dos talentos nos ajuda a entender um pouco o mistério do Reino. A expectativa presente no texto converte-se em responsabilidade pela transformação do mundo. Manter-se vigilante é sentir-se responsável pelo Reino.
A responsabilidade é proporcional ao “talento” recebido e posto a serviço. O servo infiel não produz fruto algum por medo e pela ideia errada que tem de Deus. Como sempre acontece, o medo leva ao fatalismo, à omissão. A imagem de um Deus severo, cruel e que castiga paralisa a pessoa.
O Deus da Bíblia é misericórdia e bondade. O temor de Deus que a Igreja prega não é o medo de Deus, mas a confiança ilimitada em Deus, própria de quem reconhece seus limites.
Por isso o salmista exclama: “maldito o homem que confia no homem e bendito o homem que confia no Senhor”.
O servo da parábola que enterrou seu talento por medo pertence ao reino da esterilidade, permanece na escuridão, no isolamento. Esse servo é pouco sábio, porque procura a segurança de forma errada, tem medo de arriscar, não confia e perde a criatividade.
A espera do “patrão” se dá no serviço, na fidelidade criativa de quem aposta tudo e joga sua vida naquele que tudo pode, investindo os dons recebidos.
Esperar o amanhã pode ser tarde demais. Façamos o que está ao nosso alcance hoje, com confiança e sem agitação, sabendo que para cada dia basta a sua preocupação.
O grande tesouro confiado ao cristão é o Reino de Deus inaugurado por Jesus, Reino de justiça e paz, dado a nós para fazer frutificar, multiplicar, crescer e desenvolver.
Para quem acredita e age, de consequência a recompensa será: “Muito bem, servo bom e fiel! Vem participar da minha alegria!”.
Quem não acredita e por medo enterra seu talento, a recompensa é outra: “Servo mau e preguiçoso!… jogai-o lá fora, na escuridão”.
A diferença está no risco do amor: apostar ou não na fidelidade e no amor de Deus.
Justamente porque ama, Deus manifesta sua grandeza no confiar e entregar seus bens às pessoas, mesmo que frágeis e imprevisíveis, são capazes de produzir os frutos esperados.
Com essa parábola, Jesus nos convida a viver como filhos(as) da sabedoria e a sermos responsáveis pela missão recebida.
Quem não gostaria de ser recebido com esse alegre elogio: “Muito bem, servo bom e fiel! Entra no gozo do teu Senhor!”?
Partilhemos os dons recebidos e o Senhor nos agraciará com muitos outros.
Dom Jaime Pedro Kohl
Bispo Diocesano
Para refletir:
1) O que estou fazendo com os dons que Deus me deu tanto a nível humano, como espiritual?
2) Olhando minha vida, posso dizer que ela é fecunda e contribui com o crescimento do Reino de Deus?
3) Sou feliz?
Sugestão de leitura:
Mt 25,14-30