Mulheres sofrem agressão sexual em acampamentos no Haiti
As vítimas são ameaçadas por homens armados que rondam os acampamentos à noite. Mais de 1 milhão de pessoas ainda vivem em condições precárias em acampamentos na capital Porto Príncipe e no Sul do Haiti, após o terremoto que matou 230 mil e deixou 300 mil feridos,
em janeiro de 2010.
Para o pesquisador da Anistia Internacional no Haiti Gerardo Ducos, o governo do país caribenho não dá a atenção devida às denúncias das vítimas de violência sexual. “As mulheres, que já precisam lidar com a perda de parentes e amigos e que tiveram suas casas destruídas no terremoto, agora enfrentam também o trauma de viver sob a constante ameaça de ataques sexuais”, disse.
O policiamento dos acampamentos é escasso e muitas vítimas de estupro dizem ter ouvido dos policiais que eles nada podem fazer sobre os ataques. “Mulheres e meninas se sentem abandonadas e vulneráveis. Gangues armadas atacam quando querem porque os bandidos se sentem seguros, já que há pouca chance de que sejam punidos”, disse Ducos.
Susie, uma das mulheres ouvidas pela Anistia Internacional, contou que ela e uma amiga foram vendadas e estupradas na frente dos filhos, na madrugada do dia 8 de maio de 2010. “Depois que eles saíram, eu não consegui fazer nada, não tive reação alguma. Mulheres vítimas de estupro devem ir para o hospital. Mas eu não fui porque não tinha dinheiro e não sei onde há uma clínica que ofereça tratamento”, disse.