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Não aguento mais – Jayme José de Oliveira

PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira

“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

NÃO AGUENTO MAIS

Quando, em 26 de fevereiro de 2020, surgiu de inopino esta pandemia que não distingue classe social, fortuna, pobreza, religião ou qualquer outro parâmetro que se queira usar, apregoava-se que após três meses chegaria ao ápice e iniciaria a volta à normalidade. Tomava-se como parâmetro a gripe H1N1, as pesquisas forneciam a vacina específica e no ano seguinte, para compensar as mutações do vírus, um ajuste resolvia o problema. E assim sucessivamente.

A Covid-19 se revelou muito, muito mais resistente, até agora a solução se vislumbra distante, na fímbria do horizonte e não dá sinais de poder ser resolvida em curto prazo.

Recomenda-se, e quem tiver a cabeça no lugar segue à risca: distanciamento social, o uso de máscara, higienização compulsória, etc. Para os recalcitrantes as autoridades podem aplicar penalidades tanto mais severas quanto maior for a resistência às normas. A segurança e a proteção à sociedade se sobrepõe ao direito individual. É um fato que não pode ser contestado. Agravando a situação, a incerteza de resultados remete a uma inconformidade natural, mas não admissível. Nem mesmo a perda de vidas em ritmo crescente – há muito ultrapassou a cifra de cem mil óbitos – convence os mais rebeldes que persistem em repudiar o regime de rigor ao qual não estavam habituados. Ressurge esporadicamente, no início ajuntamentos em bares, ruas, praias e parques; as máscaras, incômodas, são relegadas, a desobediência civil toma corpo e é difícil senão impossível sua contenção.

E quando autoridades que deveriam zelar pela obediência são vistas desobedecendo acintosamente, e pior, recomendando que todos o façam, que se abracem e socializem, é o início do fim do bom senso e “a vaca vai para o brejo”.

Como suportar o desconforto por longo período se nem o líder máximo o faz? E se for requerido um comportamento restritivo por toda a vida?Como suportar uma mudança tão radical?

IMPOSSÍVEL!

SERÁ?

José Carlos Calich, psicanalista, presidente da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre e coordenador do Programa de Atendimento Solidário à Saúde Mental do RS nos dá sua palavra abalizada e indica a saída:
“Como fazem as pessoas que têm uma doença crônica, que impõe limitações à “vida normal”? Como fazem os diabéticos, pessoas com insuficiência renal ou cardíaca grave? Os que têm paralisias, os que perderam a visão, a audição, entre um sem número de outras condições que tornam a vida muito difícil? Se “não aguento mais” fosse solução, nenhum faria tratamento dando continuidade a suas vidas e contribuindo com suas famílias e a sociedade. Nenhum poderia ser feliz e muitos conseguem ser. Aceitação passiva? Conformidade? Resignação? Talvez não seja por aí. Talvez baste tolerar um pouco de dor e de tristeza, alguma humildade e continuar com esperança, lutando a favor de si e de todos.”

Mas nem tudo está perdido, o governador do RS, Eduardo Leite, encaminhou à Assembleia um projeto de lei para descontar do salário o auxílio emergencial recebido irregularmente por servidores. A proposta, protocolada no dia 7 de outubro, prevê ainda que o valor descontado seja restituído à União. De acordo com a Controladoria–Geral da União, cerca de 3,5 mil funcionários, aposentados e pensionistas, civis e militares do Estado teriam recebido o auxílio emergencial de maneira irregular. O valor de R$ 600,00, é pago para trabalhadores informais, microempreendedores, autônomos e desempregados, em razão da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. O governador Eduardo Leite justificou a decisão de encaminhar o projeto e ressaltou que a corrupção também começa pela prática ilícita de pequenos delitos.

E quem admite pequenos delitos não tem autoridade moral para reclamar dos grandes, pensem nisso os deputados a quem cabe decidir pela aprovação ou não da lei moralizadora.

Aumenta o apreço que sinto pelo nosso governador ao comparar sua atitude com:

“É um orgulho, uma satisfação que eu tenho de dizer a essa imprensa maravilhosa nossa, que eu não quero acabar com a Lava Jato… Eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo”, disse o presidente Jair Bolsonaro, sendo aplaudido por autoridades presentes no local. “Eu sei que isso não é virtude, é obrigação. Para nós, fazemos um governo de peito aberto”, acrescentou, em seguida.

Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/10/07/acabei-com-lava-jato-porque-nao-tem-corrupcao-no-governo-diz-bolsonaro.htm?cmpid=copiaecola

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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