Napoleão – Jayme José de Oliveira
PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
NAPOLEÃO
O general Napoleão vencia as coligações europeias da Prússia, Áustria. Inglaterra e Rússia, ampliando os domínios franceses com seu exército.
Em 1812 o império de Napoleão atingia a sua extensão máxima, mas entraria em decadência ao invadir a Rússia e enfrentar o rigoroso inverno, mas também motivado por uma temida doença: o tifo, transmitido por um micro-organismo chamado “Rickettsia” através das picadas de piolhos. As infestações de piolhos não encontravam barreira nos acampamentos militares. Aglomerados humanos com má higiene são o paraíso desses insetos e a mortandade não tinha freios.
O exército francês avançava e com ele a epidemia de tifo se propagava, causando milhares de mortes.
Em 1812 Napoleão invadiu a Rússia com um dos maiores contingentes militares da história: 600 mil homens.
À medida que os franceses avançavam o exército russo recuava, porém, a doença matava mais que os combates o fariam.
Após tomar Moscou sem encontrar resistência, para evitar o rigoroso inverno os franceses bateram em retirada. Napoleão regressou com menos de 90 mil dos 600 mil homens que partiram. O tifo causou a maior parte desses óbitos. Um a um, seus homens tombavam vitimados pelas doenças.
Nesse retorno das tropas napoleônicas os militares disseminaram o tifo pelas cidades europeias ocasionando epidemias por onde passavam.
As epidemias se propagam quando pessoas doentes se deslocam para locais até então livres da infecção.
A primeira e mais importante providência a ser tomada para evitar o alastramento é ESTABELECER UMA QUARENTENA. Doentes não devem ser transportados para zonas distantes, mesmo que faltem recursos nos locais em que se encontram. É mais racional transportar oxigênio para o local onde há falta que doentes para onde há oxigênio à disposição. Foi uma temeridade cujas consequências ainda não podemos avaliar (o transporte de doentes infectados pelo vírus mutante que estavam circunscritos em Manaus).
Cada infectado se torna um agente propagador da pandemia, assim como o foram os soldados de Napoleão em 1812.
A guerra contra os micro-organismos vem desde o primórdio da civilização. Uma guerra em que vencemos uma única batalha: a varíola, e perdemos todas as outras. Enquanto o Covid-19 vira o mundo de ponta-cabeça, doenças que nos assolam há muito mais tempo: sarampo, febre amarela, dengue, ebola, tuberculose, encontram um terreno fértil no caos econômico e no colapso da saúde pública, principalmente em países subdesenvolvidos.
E, como vencemos a varíola? Com uma VACINA descoberta em 1749 por Edward Jenner, na Inglaterra. Inacreditável que, atualmente, ainda haja pessoas que desdenham a ÚNICA MANEIRA DE EVITAR A PROPAGAÇÃO DE MICRO-ORGANISMOS PATOGÊNICOS.
POSFÁCIO –O translado dos pacientes contaminados com o vírus mutante da Covid-19 de Manaus para diversas regiões do país foi um erro que poderá disseminar o novo vírus. Se havia falta de oxigênio em Manaus, mais fácil, menos oneroso e, principalmente mais consentâneo com a técnica de circunscrever com relativa segurança micro-organismos seria enviar oxigênio para Manaus. O Ebola, mortal, foi dessa enfrentado com isolamento absoluto dos doentes e não ocorreu uma pandemia, que seria catastrófica. O tempo nos fornecerá dados sobre as consequências, sabendo que ainda não existe tratamento adequado. Repito: aborta-se uma epidemia circunscrevendo os primeiros portadores.
QUARENTENA É ESSENCIAL.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado