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No Egito, mesquitas se transformam para atender feridos

Nas ruas ao redor da Praça Tahrir, no centro do Cairo, no Egito, predomina o cheiro de lixo e esgoto e são nesses locais onde estão os hospitais improvisados para atender as vítimas dos confrontos entre policiais e manifestantes. A estimativa é que desde sábado (19), quando começaram os protestos, 39 pessoas tenham morrido e mais de 2 mil, ficado feridas.

Nos protestos, os manifestantes gritam palavras de ordem contra a Junta Militar, que há oito meses governa o país, e pedem a renúncia de todos. A polícia atira bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Os manifestantes reagem com pedradas. De acordo com relatos, o clima é semelhante ao de combate.

O som de motocicletas transportando feridos toma conta das principais ruas ao redor do centro do Cairo. Pessoas correm desesperadas carregando amigos, intoxicados pelo gás ou feridos por balas de borracha.

Seguranças mantêm os mais revoltados longe da entrada da mesquita, enquanto voluntários carregando garrafas com soro fisiológico ficam na porta para atender os casos menos graves, como ardências nos olhos por causa do gás lacrimogêneo. Nas mesquitas, o hospital improvisado está movimentado. Médicos, enfermeiras e estudantes correm para ajudar as vítimas.

Em cada canto, caixas com medicamentos doados por cidadãos e organizações não governamentais (ONGs) também fazem parte do cenário. Os feridos, já atendidos, são acomodados no chão.

Os tapetes da mesquita, antes usados para receber os fiéis paras as rezas diárias foram retirados. Há manchas de sangue no piso.

Para os atendimentos, há poucos médicos. Em geral os atendimentos são feitos por estudantes de medicina supervisionados pelos profissionais. Atuando como enfermeira, a estudante de farmácia Eman Abdel Hade tenta aliviar a dor dos pacientes mais exaltados que tiveram cortes devido às balas de borracha.

Eman disse que sua função é fazer o primeiro atendimento, cuidar de pequenos ferimentos, pegar os remédios requisitados pelos médicos e auxiliá-los. “Vim ser voluntária porque os hospitais já não davam conta de tantos feridos e achei que era uma ótima maneira de fazer minha parte na revolução”, disse ela.

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