O Ministério da Saúde adverte:
Como ocorre em todo período pré-eleitoral municipal, o cafezinho começa a esfriar nas ante-salas dos gabinetes dos prefeitos e seus secretários, sobretudo daqueles mandatários que, sonhando com a recondução ao paço, terão, antes, de submeter seus nomes à convenção dos respectivos partidos.
Se as tendências anunciam nuvens sombrias às aspirações de uma reeleição na Prefeitura de Capão da Canoa, haverá – como já parece estar havendo – choros e ranger de dentes.
Tal afirmativa parte do princípio de que, se haverá convenção, nem o próprio partido está fechado numa única candidatura, sobretudo se o clamor de rejeição da comunidade caponense à sua atual gestão já tocam os ouvidos dos correligionários.
Cada comunidade tem suas características. As de Capão da Canoa, infelizmente ainda inarredáveis, onde predominam os feudos familiares, vêm, no decorrer de seus 26 anos de emancipação política, elegendo, eterna, infinita e perpetuamente, os mesmos vereadores. A cidade urge por sangue novo; e eles estão, certamente, ansiosos para dizer a que viriam. Os feudos familiares haverão de, a exemplo da Bastilha francesa, algum dia ruir e assistir à decapitação da “realeza chinfrim”.
Voltando, no entanto, ao período pré-eleitoral e das convenções que hão de se desenrolar em Capão da Canoa, o pranto e o bruxismo* diurno dos que ainda gozam das benesses do poder executivo – seu staff e secretariado – são reações perfeitamente aceitáveis, até. O que não se pode admitir é a arrogância, a intolerância, a beligerância e a carga preconceituosa na postura pública de alguns secretários, conforme se têm notícias nos periódicos daquela cidade, fatos estes que o vereador Otávio Teixeira chamou a si a responsabilidade de apurá-los em sua veracidade.
Ignoro se, até o presente momento, a cidadã ofendida (preconceito racial), Sra. Maria Cândida, já ingressou com a cabível ação judicial contra a secretaria da Cidadania, Trabalho e Ação Comunitária, Janete Piccoli. Pode, inclusive, ter acontecido o natural pedido de desculpas e o conseqüente “vamos pôr uma pedra sobre isto tudo!”. Li, também, na edição do jornal Costa do Mar & Serra, de 23 de maio último, a carta-aberta do leitor Giovane Pereira Feijó, relativamente à calúnia por ele sofrida – ao que se presume da leitura da referida carta – de parte do secretário municipal da Saúde e, o que é pior, durante transmissão de programa radiofônico local. À intervenção do Sr. Feijó, através do telefone, o referido secretário o teria chamado de mentiroso, com o programa em pleno ar.
Aos entes públicos – governantes, senadores, deputados, vereadores, ministros e secretários – não se justificam ações intempestivas, por conta de destempero emocional. Se o motivo for somático**, basta seguir a recomendação: “O Ministério da Saúde adverte: a ingestão de cafezinho frio faz mal a políticos despreparados.”
* bruxismo – ranger de dentes noturno.
** somático – referente ao corpo