O péssimo prognóstico para o Estado e a Sociedade gaúcha não é inevitável – Dr. Sander Fridman
Alguém mais concorda que se a sociedade gaúcha não encontrar explicações locais para o fenômeno local (as inundações das regiões cujos rios desaguam na Lagoa dos Patos, bem como nas margens da Lagoa dos Patos), e não promover soluções locais para este gravíssimo problema recorrente, restará tão somente um péssimo prognóstico pairando sobre o estado e a sociedade gaúcha: uma ciclicidade contínua e muito frequente entre reconstrução e destruição, até acabar o dinheiro, os doadores e a disposição dos investidores?
Os debates na mídia sobre os aspectos técnicos envolvidos na tragédia parecem um “samba de uma nota só”: parece que é contra o “politicamente correto” buscar explicações que não priorizam a inevitabilidade das consequências do aquecimento global.
Apresento aqui uma teoria produzida por um autor externo à academia, de fora do meio científico institucional da hidrologia, da engenharia, da geologia, da biologia.
Um ambientalista amador, leigo, apaixonado, que pode ser talvez melhor definido como um polimata – como o descreveria Peter Burke – aqueles raros seres humanos capazes de produzir conhecimento em diferentes campos e ciências, responsáveis por fazer avançar a humanidade no ritmo dos saltos de suas inspirações e descobertas.
O catarinense Thiago Drumm se define como youtuber, músico, compositor, multi-instrumentista, pescador, pesquisador da Engenharia de Som e Elétrica.
Um paraquedista no grande debate da arena técnico-hidrológica, que poderá facilmente despertar ressentimentos entre técnicos reconhecidos e institucionalizados na política das ciências ambientais.
Ciumeiras à parte, a sociedade gaúcha não pode ser deixada à esmo nas turbulências das induções, enquanto o conhecimento justificado e operacional não é ungido pelos técnicos, que disputam a autoria ou a relevância das contribuições efetivas.
A tese de Thiago Drumm sobre a etiologia das inundações repetitivas no RS deve ser mesmo assim levada a sério devido à sua beleza e simplicidade, e por se apoiar e, fatos simples e fundamentais que parece que têm sido sobejamente desprezados pelos técnicos nas mídias.
A foz da Lagoa dos Patos foi reduzida à 1/10 de sua largura – e um raio que se reduz 10 vezes acompanha-se de uma redução de volume de 1000x! Com a enorme redução do fluxo de água na foz da Lagoa dos Patos para o Oceano, houve um assoreamento progressivo de seu leito, piorando ainda mais sua drenagem e o elevamento do nível da lagoa.
Como a superfície da lagoa é imensa, comparada com a do Guaíba e mais ainda com a dos rios, pequenos aumentos no nível de água na Lagoa repercutem em muito muito muito maior resistência à drenagem da água para fora do guaíba, bem como sucessivo aumento ainda maior da resistência à drenagem dos rios e bacias para o guaíba.
A solução brota do diagnóstico: abrir um ou alguns caminhos extras para a água para fora da lagoa dos patos rumo ao oceano, baixando rapidamente seu nível excessivamente elevado e livrando a cidadania gaúcha da ciclicidade das cruéis inundações.
O oceano não se elevará com a retomada da drenagem, a alternância com as marés de entradas e saídas entre oceano e lagoa retornará, voltará a pesca do camarão e outras espécies marinhas tipicamente marinhas na lagoa dos patos, e o ecossistema retomará suas antigas características violadas pelo homem.
Enquanto aguardamos um debate urgente e honesto sobre estas disposições, reconheçamos que esta seria uma maneira simples e objetiva de entender e enfrentar efetivamente o problema, sem precisarmos primeiro mudar o mundo todo e com ele o aquecimento global! Ou estaremos condenados a nos conformamos a sermos meros exemplos trágicos para a implementação da agenda 2030?
Dr. Sander Fridman, médico.