O que será de nós, Santa Luzia?
O quadro febril e de indisposição, tosse intermitente e a consequente dor de garganta, com repercussão na caixa torácica, evoluiu a ponto de, na madrugada do último sábado, recorrer ao Emergência do Hospital Santa Luzia. Em Capão da Canoa.
Por questão de justiça, devo dizer que, em face da reduzida procura àquela hora, fui pronta e dignamente atendido pelo profissional. Dentre antibióticos e analgésicos, prescreveu ainda o referido médico a imediata aplicação de duas ampolas de Profenid, ali mesmo, no ambulatório. Foi com flagrante constrangimento que o plantonista me informou que não havia em estoque a referida medicação.
Soube, de fonte segura, que o Santa Luzia, há largo tempo, sequer possui em estoque vacina antitetânica!
A pergunta que não quer calar: ao paciente que, em razão de lesão que requer a imediata aplicação daquela vacina resta-lhe o “24 Horas”? Mas que “24 Horas” é esse, que só atende de segunda à sexta-feira e cujo estoque, assemelha-se ao Santa Luzia, senão pior? Apontem-me alternativa, por favor!
Com que cacife pretende a municipalidade implantar hospital de alta complexidade se, em não agindo energicamente junto à administração maior do Santa Luzia para sanar tamanho descaso e desleixo, torna-se, por ilação, conivente?
Faz pouco mais de um ano que, dentre outras, assisti no ambulatório daquela emergência, a cenas que deixariam qualquer cristão de cabelo em pé: uma paciente – com quadro de infarto – foi colocada sobre o mesmo lençol com respingos do sangue de um argentino que ali fora atendido para sutura dos dedos do pé. Se até Deus duvida, como posso querer que você, que ora me lê, creia no que digo?
Muitas vozes se ergueram para justificar o injustificável. Por isso, como formador de opinião, não posso permanecer inerte ao descalabro, mesmo que nas ruas desta cidade algumas vaquinhas de presépio me apontem o dedo e digam, lá vai o exército de um homem só.
Quem sabe, algum dia, seremos muitos. E não faltará, então, no Hospital Santa Luia a mais fundamental e elementar vacina. Tampouco persistirão os lençóis sujos com o sangue de um paciente anterior.