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O Rio de Janeiro continua…

IPI reduzido, taxa de 0%, 72 meses para pagar, primeira parcela somente com o 13º salário, tanque cheio. Na sexta-feira, o sujeito, que até então somente possuía uma bicicleta, estaciona o automóvel recém-saído da concessionária.

A família faz festa, joga serpentina, e o Júnior, aproveitando o clima de entusiasmo, apanha o surdo e batuca um samba descompassado. Para arrematar, o novel motorista avisa ao cunhado (aquele “mala-sem-alça”!) que o churrasco do domingo é por sua. Na verdade, o que ele deseja, mesmo, é tripudiar em cima do parente.

Carro sem seguro total e sem estacionamento fechado, nos dias atuais, é impensável. Automóvel consome combustível, paga IPVA, as 72 parcelas devem ser honradas. “E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?”.

E o sujeito “José”, comerciário, com a casa hipotecada, a mulher e três filhos em idade escolar para serem sustentados faz o quê? Põe menos feijão na mesa? Adia o tratamento dentário da mulher que já perdeu três dentes, ou devolve o automóvel à financeira? Deixa de comprar o material escolar dos filhos?

Pessoas respeitáveis cometem deslizes. Quando se trata daqueles que nos governam, a contradição se agrava, pois os efeitos recaem sobre milhões de pessoas.

Há de se reconhecer e de se admirar a dedicação do Presidente Lula da Silva para transformar a cidade do Rio de Janeiro a sede das Olimpíadas de 2016. Serão investidos(?) mais de R$ 250 bilhões para aquele evento. Desnecessário imaginar-se o que se poderia fazer com um terço deste montante nas áreas da saúde, educação e segurança.

Lula da Silva viajou a Copenhague com um invejável séquito de rei, que incluía o Mago de Plantão, Paulo Coelho, belas princesas e o próprio Rei Pelé, para pressionar em prol da “Cidade Maravilhosa” que, no visual, com mar e montanha se entrelaçando num panorama único no universo, é extremamente “abençoada por Deus e bonita por natureza, mas que beleza…”.

No entanto, como bem além do que cantou Jorge Ben Jor, “ser Flamengo e ter uma Nêga chamada Teresa”, o Rio de Janeiro tem os Fernandinhos Beira-Mar. No núcleo humano o Rio de Janeiro é a célula-mãe do narcotráfico, do roubo, da insegurança e do medo. A “pilantragem carioca”, nas músicas(???) de alguns funkeiros e no dizer de alguns poucos travestidos de “sociólogos”, é festejada como ”característica comportamental”.

Não desejo que o sonho do comerciário “José” com seu automóvel zero quilômetro se transfigure em pesadelo, tampouco estragar a festa de tantos brasileiros – sobretudo do carioca que, ao transformar o cotidiano em festival de “oba, oba” incorre em atitude infantil. A não ser que para ele (o carioca) exista a certeza antecipada de que quebraremos todos os recordes e seremos medalha de ouro em (As)salto à Distância, (As)salto à Vara ou (As)saltos Ornamentais.

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