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Dom Jaime Pedro Kohl
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O Terno de Reis – Dom Jaime Pedro Kohl

Quando chega a celebração da Solenidade da Epifania, para nós de mais idade, vem à memória a visita do “Terno de Reis” que chegava na noite de 6 de janeiro cantando e pedindo ao dono da casa o favor de abrir a porta. Entravam, cantavam, recebiam qualquer coisa e passavam para a casa vizinha. Quase não se entendia nada da letra, mas o clima era de festa e muita alegria.

 Liturgicamente falando, “epifania” significa manifestação, ou seja, mostrar, revelar (tirar o véu para deixar aparecer o conteúdo), descobrir, trazer à luz. Mas, mostrar o quê? Quem?  E para quem?

O autor da carta aos Hebreus inicia sua reflexão dizendo: “muitas vezes e de muitos modos, Deus falou outrora aos nossos pais, pelos profetas. Nesses dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo” (1, 1-2).

A alusão ao mistério da Encarnação é claríssima. Portanto, o sujeito a ser mostrado é o Menino Deus, o Verbo da vida, o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem. São João dirá: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida – porque a vida manifestou-se – vo-lo anunciamos para que estejais também em comunhão conosco” (1Jo 1,1-3).

Deus se deu a conhecer de um modo impensável. Infelizmente, poucos se deram conta da sua chegada num primeiro momento, porque se apresentou com o rosto de um frágil menino. Quem podia imaginar que fosse Deus? Somente os mais atentos, os simples, humildes, pequeninos e puros de coração o reconheceram: os pastores, Simão e Ana, os magos vindos de longe.

O reconhecimento e a adoração prestada ao Menino Jesus pelos reis magos vindos de longe guiados pela estrela anuncia às pessoas de boa vontade que Deus veio para todos os povos, para toda a humanidade. Veio para dar-nos vida e vida em plenitude.

Epifania é alegria porque Deus não esqueceu do seu povo, mas o visitou de uma forma totalmente nova. O “terno de reis” era o jeito alegre de comunicar folcloricamente essa boa notícia da manifestação do Senhor que veio para salvar a humanidade.

Convidando o dono da casa a abrir a porta era um modo muito singelo e brincalhão de convidar as pessoas a acolher a boa notícia do nascimento de Jesus, como Messias e Salvador.

Muito obrigado, Senhor, por mostrar o teu rosto, revelar o teu carinho pela humanidade e continua derramando sobre o mundo inteiro a tua paz.

Para Refletir:

  • Tenho alguma recordação da “festa de reis”? Teria sentido recuperar esse costume cristão? Qual jeito, hoje, para realizar seu objetivo?
  • Quais sentimentos e apelos brotam no meu coração ao relembrar os fatos que envolvem o nascimento de Jesus e manifestação da sua identidade?
  • Eu posso dizer de já ter encontrado Jesus? Em quais momentos e situações?

Texto bíblico: Is 60, 1-6; Mt 2, 1-12 ou Lc 2, 1-20; Sl 71(72).

 Jaime Pedro Kohl

Bispo de Osório

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