O valor de um grão
“O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e lançou no seu campo. Esse grão é, na verdade, a menor de todas as sementes, mas depois de crescida é a maior das hortaliças, e se faz árvore, de tal modo que as aves vêm fazer ninho em seus ramos. O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até que ficasse levedada toda a massa.” (Mateus, 13; 31-33)
O mundo de hoje busca, extasiado, a difícil, talvez impossível, definição do que seja a menor parte da matéria, já que, a partir do átomo (conceito desenvolvido pelos gregos), a ciência terrena descobre a cada oportunidade um degrau a mais na profunda escada do conhecimento, vislumbrando uma galeria interminável de novos rumos.
Por mais que o Homem procure dividir o que se configura indivisível, quebrando suas próprias barreiras de percepção, mais a Humanidade entende que o Universo é conjunto, da micro à macro visão.
E para que possamos tratar qualquer análise de fenômenos, precisamos de uma baliza, uma medida que nos permita, em nossas limitações, perceber e entender o que está ao nosso alcance.
Nesse sentido, adotemos a medida do grão para dissertar.
A natureza terrestre (ou não-terrestre) mostra-nos o grão como componente discreto e perceptível; passível de análise e manipulação.
Nos grãos de areia, temos as terras. Nas partículas de substâncias sólidas diversas temos os corpos que compõe os diversos aglomerados, naturais ou feitos pelo Homem. Nos grãos dos alimentos, nas sementes, temos as unidades das quais partem outras plantas.
Procuremos então nos associar a esta Natureza, considerando o princípio espiritual, e este em estado hominal, como sendo um grão, que compõe a plêiade que movimenta mundos do Universo, sob a Lei Divina.
Cada um de nós, grãos então considerados, agrupamo-nos em “silos”, em que nele fazemos existir, cada um de nós, com suas vontades e atos, a dinâmica de um mundo.
Como mensurar a importância e a insignificância da nossa existência?
Em recente material jornalístico televisivo, ouvimos e vimos maravilhados, em função da nossa ignorância, uma descrição do que são assim considerados grãos, na ciência terrena, suas propriedades e uma demonstração prática de um fenômeno.
Tendo um recipiente cilíndrico transparente, fixado sobre uma base dotada de uma balança de precisão, depositou-se, gradativamente, uma quantidade de grãos.
Até uma determinada fase, a balança registrou aumento de peso, estacionando e mantendo-se inalterada até o completo enchimento do recipiente.
Explicou-se o fenômeno pelo fato de que os grãos que compunham aquela porção, em ação recíproca de forças entre si, levando o conjunto a uma expansão, fixam a maior parte dos grãos externos às paredes do recipiente que, pela força de atrito, sustentam o conjunto às paredes do recipiente, eliminando o peso que seria atuado à base da coluna, sobre a balança. O conjunto de grãos, agindo em harmonia, sustenta uns aos outros.
Já experimentaram talvez em estabelecimento comercial hortifrutigranjeiro, subtrair da parte de baixo de um amontoado de batatas, apenas uma delas? O que acontece?
O que está acima desta, proveniente de uma cadeia de sustentação, rui, ocasionando um pequeno desastre.
O conjunto todo não é afetado, mas a parte que desta batata dependia a estabilidade de sustentação, é afetada.
Assim somos nós seres humanos nessa cadeia de sustentação, desde nosso próprio corpo, passando pela família, sociedade e planeta.
Somos insignificantes nas mais das vezes, mas somos importantes.
Nossa importância é tanto maior quando mais próximo de nós estejamos considerando, e tanto menor quando o maior conjunto considerado.
Tudo terá sua medida certa, maior ou menor, mas terá a sua medida.
Nesse contexto, urge a todos nós considerarmos as medidas que nossos atos e pensamentos podem influenciar na dinâmica deste mundo, considerando os dois planos: material e espiritual, pois o primeiro é conseqüência do segundo.
Vede, pois, irmão, tua importância contigo mesmo, reexaminando que rumo tens dado à tua vida. Mede as forças que tens empregado na sustentação de teus melhores propósitos.
Observa teus atos e pensamentos, e verás que tua família, teus amigos, e todos com quem convivas, tem sempre algo de ti, e tu deles. Seleciona os melhores grãos de pensamento, fazendo florescer rica floresta de bons atos.
Por aqueles que estão distantes e merecedores da tua compaixão, lança as sementes da prece, que serão carregadas pelos ventos da Providência, e semearão luz em seus corações.
Por esta maravilhosa nave que sustenta a humanidade, condomínio de almas aprisionadas em trabalho de renovação, promove o socorro ao equilíbrio da vida material, para continuar dando suporte a outros tantos irmãos que anseiam nela usufruir a terapia do amor.