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Obrigatoriedade não é sinônimo de credibilidade, diz jornalista

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspende a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão, anunciada quarta-feira (17) em Brasília, divide opiniões de jornalistas ouvidos  pela Agência Brasil. Segundo Edith Elek, editora em São Paulo, a credibilidade da informação não depende de uma faculdade. “A credibilidade é conquistada quando se demonstra competência, cultura e interesse, não só no jornalismo como em qualquer profissão”, afirma.

Ela diz que a ética “se aprende na vida” e que é mais importante que o jornalista tenha uma boa formação do que um simples diploma. “Para quem tem habilidade, as técnicas de jornalismo são fáceis de serem aprendidas.Acho que os jornalistas devem ter algum diploma universitário, mas não necessariamente jornalismo”.

Para Clóvis Rossi, “não há faculdade no mundo capaz de preparar quem quer que seja para a miríade de temas que a profissão coloca na pauta dos jornalistas”. Segundo ele, a ética pode ser aprendida em qualquer faculdade. “Seria prepotência demais dos professores de jornalismo – e dos jornalistas – achar que detêm o monopólio da ética”, completa.

Na opinião de José Hamilton Ribeiro, a não obrigatoriedade do diploma pode significar um retrocesso na profissão. “Antigamente, os repórteres eram recrutados na redação do jornal: motoristas, faxineiros, lixeiros, office boys, enfim, pessoas que conheciam a 'patotinha' e viravam jornalistas”, comenta.

Ribeiro informa que uma pesquisa do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, de 1997, mostrou que 19 profissionais reconhecidos como jornalistas pelo próprio sindicato eram analfabetos. “As pessoas trabalhavam por um prato de comida”, lembra.

Para ele, a decisão do STF foi “confusa”. “Eles [os ministros] confundiram liberdade de expressão com exercício profissional. Liberdade de expressão é praticada por sindicatos, por um Judiciário independente e não por jornalistas, que cumprem ordens de suas empresas”, disse.

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