Colunistas

Oceano

Da minha sacada avisto o mar. Ouço o clamor das ondas na rebentação. A ventania, persistente desde o amanhecer, forma remoinhos na areia seca e fina. Nuvens espessas e sombrias dominam os céus.

Mirando as ondas imensas e crispadas, tenho ímpetos de lançar-me de corpo inteiro. Sentir a alma daquele oceano e entendê-lo nos momentos em que suas águas se despojam do que o tem saturado, extravasando sua fúria incontida.

Mais do que simples desejo faz-se vital que com ele me relacione em meio ao desvario. Que apreenda, ante a crista de suas ondas, a intensidade de uma paixão, ainda que fugaz, para, então, saber onde mergulhar, sem receios, com a certeza de que hei de emergir, incólume. Mesmo que as águas sejam turvas, hei de manter os olhos bem abertos.

Ainda que o ruído seja ensurdecedor, os ouvidos hão de estar atentos. Não importa o refluxo, braços, pernas e cabeça hão de mostrar sua razão de ser. Não obstante as águas se mostrarem aterradoras, hei de abrir minh’alma e saber entender essas revelações. Depois, poder retornar à praia com a certeza plena de que firmara um pacto de cumplicidade.

Esta comunhão somente há de se sacralizar se respeitado o momento. Senão, o amor corre o risco de ter um trágico fim. Uma morte brutal!

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