ONU alerta para crescimento do tráfico de pessoas no mundo
“Os governos têm de fazer mais. Não podemos criminalizar as pessoas traficadas, porque elas são vítimas. Precisamos garantir que tenham acesso a serviços apropriados, a abrigo, à assistência psicológica e social, à saúde e até a uma oportunidade para trabalhar.”
A relatora concedeu entrevista à Lusa, agência de notícias de Portugal. Ela lembrou que há várias formas de tráfico de seres humanos, com fins que vão desde a exploração sexual e a prostituição a trabalhos forçados e à retirada de órgãos para venda ilegal. “A identificação, proteção e assistência às vítimas de tráfico têm registrado falhas enormes”, disse ela, acrescentando que a responsabilidade “é de todos”.
Segundo a relatora, nos últimos anos têm havido aumento de vítimas também entre os homens, embora as mulheres e crianças ainda permaneçam como os principais alvos. “Até agora não pensávamos nos homens como vítimas de tráfico. Os homens são traficados para companhias de construção, pescas, agricultura e horticultura.”
Joy Ngozi Ezeilo ressaltou que é fundamental “criminalizar o tráfico de pessoas” e reiterou que há um protocolo nas Nações Unidas em que 140 países defendem a medida. Segundo ela, a “grande escala” do tráfico de pessoas envolve vários fatores, como as condições de vida nos países de origem das pessoas traficadas e a ausência de oportunidades de trabalho.
“O tráfico é uma ameaça real e significativa. Os governos deveriam aumentar o combate, mas deveríamos também desenvolver parcerias público-privadas. O tráfico não conhece fronteiras e os governos não conseguem combatê-lo sozinhos, é preciso envolver empresas, comunicação social e organizações da sociedade civil”, sustenta Joy Ngozi Ezeilo.