ONU diz que 200 milhões dependem de ajuda contra a fome
Duzentos milhões de pessoas dependem da ajuda internacional para enfrentar a fome em 39 países, segundo o relatório anual da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) apresentado hoje, em Roma. Em 2005, foram destinados a essas pessoas 10 milhões de toneladas de alimentos entregues pelos países doadores, no valor de cerca de US$ 2 bilhões.
As situações de emergência duplicaram nos últimos 20 anos, e as operações de socorro passaram de 15 a 39 países. Na África, triplicaram e passaram de 8 a 24 países. Quanto à desnutrição, o número de pessoas que sofrem fome crônica chega a 854 milhões, números parecidos com os de dez anos atrás.
O relatório examina profundamente a eficácia da ajuda internacional às pessoas e aos países que sofrem com a fome, e faz frente às críticas dos que questionam a assistência porque dizem que gera dependência e incentiva o egoísmo e a preguiça. A principal resposta a essas críticas foi dada pela economista Terry Raney, co-autora do relatório, que, na entrevista coletiva para apresentar o documento, afirmou que a suposta dependência ou outros males atribuídos à ajuda internacional não podem ser usados como argumento para parar a assistência.
– A ajuda alimentar é um direito humano – disse Raney.
O diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, disso que essa assistência salva a vida de milhões de pessoas. No entanto, o relatório afirma que a ajuda internacional pode ter efeitos negativos, especialmente quando está condicionada ao fato de o que alimento seja adquirido nos países doadores, ou que a distribuição aconteça através dos canais destes.