Operação desarticula rede de lavagem de dinheiro ligada ao tráfico no litoral
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Operação desarticula rede de lavagem de dinheiro ligada ao tráfico no litoral

Lavagem de dinheiro foi o foco da grande operação deflagrada pela Polícia Civil nesta quarta-feira (11), com ordens judiciais cumpridas em diversas cidades, como no litoral norte do Rio Grande do Sul, como Capão da Canoa, Imbé e Palmares do Sul.

A ação visa desarticular uma organização criminosa envolvida com o tráfico de drogas e responsável por um esquema milionário de lavagem de dinheiro.

Durante a operação, 17 mandados de prisão e 48 de busca e apreensão foram executados. Sete pessoas foram presas e cinco carros de luxo foram apreendidos.

Os investigadores conseguiram ainda o bloqueio de 13 imóveis de luxo localizados na Região Metropolitana de Porto Alegre, na Serra Gaúcha e até no estado de Santa Catarina.

Além disso, 15 fazendas, algumas com pistas de pouso usadas para transporte de drogas por aeronaves, também tiveram suas atividades paralisadas.

De acordo com o delegado responsável pela investigação, Adriano Nonnenmacher, a rede criminosa movimentou cerca de R$ 500 milhões ao longo da apuração.

O patrimônio bloqueado, segundo ele, pode atingir R$ 100 milhões em valor total.

“Constatamos um patrimônio adquirido de forma oculta e dissimulada, incluindo fazendas e imóveis de luxo, todos ligados à organização criminosa”, afirmou o delegado.

Para disfarçar a origem ilícita do dinheiro, o grupo criminoso utilizava empresas de fachada, incluía sócios laranjas e manipulava informações enviadas à Receita Federal.

O esquema envolvia negócios que iam desde revendas de veículos e supermercados até empresas de serviços gerais e saúde.

“Eles operavam com muito cuidado para não serem detectados pelos sistemas de controle financeiro dos bancos, usando uma ampla gama de empresas reais e fictícias”, explicou o delegado.

Cidades Alvo da Operação

Além de Capão da Canoa, Imbé e Palmares do Sul, as ordens judiciais também foram cumpridas em Porto Alegre, Canoas, Alvorada, Cachoeirinha, Novo Hamburgo, Parobé, Charqueadas, Montenegro, Gravataí e Gramado. Fora do Rio Grande do Sul, mandados foram executados em Santa Catarina, Paraná, Tocantins e Mato Grosso do Sul.

A operação revelou uma rede criminosa complexa, que contava com bens de alto valor, estratégias sofisticadas de ocultação de patrimônio e atividades espalhadas por diversos estados brasileiros.

A Polícia Civil segue investigando o caso, com o objetivo de localizar outros envolvidos e recuperar mais bens ilícitos.

Modus operandi

O modus operandi do grupo, chefiado por um líder de organização criminosa, consiste na realização de centenas de operações dissimuladas no sistema financeiro, com pulverizações diárias entre seus integrantes, bem como mescla em empresas reais, criação de empresas de fachada, colocação de sócios “laranjas”, integração de capital ilícito e/ou inserção de dados falsos nas declarações junto à Receita Federal, confusão patrimonial dolosa, afastamentos em investimentos difusos na economia, como cooperativas, fundos, “empresas de prateleira”, fintechs, ocultação de bens imóveis, veículos de luxo, dentre outras tipologias complexas.

Provas angariadas confirmaram que a organização atua com grande sofisticação, realizando um emaranhado doloso no sistema bancário, com centenas de transações trianguladas, fracionadas, e mediante inúmeras falsidades junto a bancos.

No decorrer da análise policial financeira e telemática, percebeu-se o cuidado que tinham para não serem detectados pelos serviços de prevenção e controle dos bancos, combinando valores, transações discretas e modalidades de burlas mais eficientes para evitar apontamentos, demonstrando elevado conhecimento das rotinas de compliance/prevenção no sistema financeiro e de empresas com as quais mantinham negócios para a compra de bens em ocultação”, explica Nonnenmacher.

Os criminosos utilizavam códigos em seus nomes e diálogos para evitar identificação, bem como demais falsidades junto a operadoras de telefonia, bancos tradicionais e digitais.

Além disso, a divisão de tarefas e hierarquia era como uma grande empresa, com o seu líder determinando três gerentes financeiros, a administração e gestão dos ativos ilícitos em coautoria com demais operadores financeiros e laranjas descobertos, dentre eles, empresários, comerciantes e profissionais liberais, alguns sem antecedentes criminais, outros já indiciados por tráfico de drogas e estelionatos, todos com prisões preventivas decretadas e bens bloqueados.

“Dentre as pessoas jurídicas investigadas e algumas já com ativos bloqueados, temos revendas de veículos, supermercados e empresas de fundos/participações, serviços gerais e de saúde”, disse o Delegado Nonnenmacher.

Conforme o Delegado Alencar Carraro, Diretor de Investigações do Denarc, a operação deflagrada no dia de hoje teve resultado exitoso após intensos trabalhos de análises e demais diligências, sendo a maior da história da Polícia Civil gaúcha em sequestros de ativos oriundos da distribuição de drogas.

O Delegado Carlos Wendt, Diretor-Geral do Denarc, afirmou que a estratégia de prender e descapitalizar grandes lideranças e seus operadores vem sendo intensificada pelo departamento nos últimos anos, reprimindo tais delitos com investigações especializadas e propiciando ações penais com justas e céleres condenações.

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