Outubro cor de rosa – a negação e o câncer de mama – Dr. Sander Fridman
Em português, mama e mamãe guardam correlações fonéticas e de significado.
Mamas fartas representam indicam a pessoa cheia de amor, e prontidão para o acolhimento.
Peitos volumosos não raro são fonte de auto estima e até ascendência em grupos de amigas.
Mamas são fonte de auto estima, aprovação, beleza, sedução.
Uma doença na mama pode alcançar todos ou cada um destes sentimentos e representações.
Um procedimento preventivo de esvaziamento glandular mamário, em pessoa com altíssimo risco de desenvolver câncer de mama, livra a paciente do risco, mas não necessariamente, dos abalos decorrentes destes significados.
O câncer é em si fonte de horror, quando associado a dor, perda de função de órgãos ou membros, perda de vitalidade e disposição e discriminação social.
É a doença cujo nome muitos não pronunciam.
O câncer de mama é a maior causa de morte por câncer entre as mulheres, seguido por câncer de pulmão, colorretal e colo do útero.
Todos estes canceres são passíveis de diagnóstico precoce e tratamento curativo, em especial Mama e Colo de Útero.
O principal limite pode ser a negação.
Mas o que é a negação?
A negação é um truque que usamos comumente para seguirmos nossas vidas quando uma grave ameaça ou um fato grave, sentidos como insuportáveis, ameaçam nossa coragem e nossa disposição de seguirmos em frente, e evocam em nós a disposição para sucumbir mediante o medo e o pessimismo.
A negação faz com que “esqueçamos” do problema, finjamos para nós mesmos que o problema
não existe, ou não paira sobre nós!
A negação é um mecanismo de defesa da psique muito eficaz, mas pode ter efeitos colaterais graves: impede que nos conscientizemos do problema e que o enfrentemos com determinação.
A negação pode levar uma pessoa a não se examinar suas mamas e axilas em busca de eventuais tumores, por medo de, “em procurando, achar”.
A negação pode levar à evitação da consulta ginecológica, ou a não buscar o resultado dos exames
preventivos!
Assim com estes, como com os demais cânceres! Como quando apresenta tosse por tempo prolongado, alterações no hábito intestinal, etc.
Por mais que os tratamentos oncológicos, cirúrgicos, rádio e quimioterápicos tenham evoluído muito, a negação e sua consequência – o diagnóstico tardio – seguem sendo fatores determinantes de gravidade e prognósticos piores.
Dr. Sander Fridman é psiquiatra, mestre e doutor em psiquiatria pela UFRJ, pós doutor em direito pela UERJ, psiquiatra forense, perito da justiça federal e estadual do Rio de Janeiro.