Pai relata os momentos de tensão que viveu quando sua filha se afogou em Osório
Em um momento de descuido, Carlos Daniel e Sophia Pires caíram em um buraco e se afogaram. Carlinhos não resistiu e morreu no local. A menina foi levada em estado grave para o Hospital de Osório. Treze dias depois, Sophia está bem, mas aquela tarde quente de verão ficará marcada para sempre na vida de uma família.
Passadas algumas semanas da tragédia, Sinval Espíndola Pires, pai de Sophia recebeu a equipe do Hospital São Vicente de Paulo para falar o que aconteceu naquela tarde.
Confira a entrevista:
HBSVP – Sr. Sinval, nos conte o que aconteceu naquele dia:
Sinval Espíndola Pires: Eu não estava aqui no Palmital, estava em Osório. Eu estava vindo com minha mãe e minha irmã quando passou o SAMU por nós e inclusive comentei que havia acontecido alguma coisa no Palmital. Nesse meio tempo o meu irmão me ligou e disse para vir até a minha casa, que não poderia falar pelo telefone. Quando cheguei ele me disse que o Carlos Daniel havia falecido e minha filha Sophia estava no hospital. Fiquei muito nervoso, pois pensei que minha filha havia falecido também. Quando cheguei no hospital vi que a minha menina estava bem. Isso devido ao atendimento do SAMU e da família que encontramos no hospital de Osório. Não foram médicos, enfermeiros e sim a família São Vicente que encontramos. Fomos muito bem recebidos. A Dra Leda, quando lembro dela chego a me arrepiar. Ela se abraçou em mim e chorou comigo e disse que a minha filha estava fora de perigo. Lembro do Dr. Airton falando que minha filha iria para Porto Alegre. Ele me tranqüilizou dizendo que ela estava bem e que tudo daria certo. Então eu fiquei muito emocionado. Hoje sentimos muita falta do Carlos Daniel. Aquela tarde foi muito difícil. Mas a família São Vicente de Paulo foi perfeita. Quando vi aquela reportagem que saiu na TV eu não entendi, pois para mim o hospital de Osório é o melhor do Mundo. Me senti em casa no hospital. Sempre fui muito bem atendido. Sempre fui acolhido. O Hospital de Osório pra mim é de primeiro mundo. Quem fala mal do hospital de Osório não conhece os outros.
HBSVP – Foi uma fatalidade. Pois aqui onde o Sr. mora a lagoa é rasa e eles acabaram indo em um local mais distante, onde existem alguns buracos.
Sinval Espíndola Pires: Até porque ali tem um valo que foi feito por uma draga há alguns anos atrás. Nesse local onde caíram foi onde a draga fez essa bacia. É uma surpresa que tem ali, pois eles estavam tomando banho em pouco mais de um metro de água e depois caem no buraco, inclusive nós vamos pedir para marcar o local, com bóias, placas e redes de contenção para não perder mais vidas.Como Deus lá no céu não precisa só de gente ruim, com certeza ele escolheu o Carlinhos por ser uma pessoa boa, muito querido pela família. Eu amo tanto ele como amo a minha filha. Estamos ainda chocados e tentando superar a perda.
HBSVP – A Sophia hoje em dia, ela toca no assunto? Como ela está depois de tudo que aconteceu?
Sinval Espíndola Pires: A Sophia fala pouco e às vezes ela chora, mas não gosta de comentar. Ela não quer tocar no assunto.Eu acho que traz lembranças do que ela passou no momento. No hospital ela me disse que não lembrava do que aconteceu com o Carlinhos. Ela disse que deu a mão para a tia, que tentou sair do buraco cinco vezes e como não conseguiu ela colocou a mão na boca e no nariz e pediu para Deus salvar ela, então ela desmaiou e acho que foi isso que salvou ela, pois ela não ingeriu muita água. Então foi Deus quem tirou ela dali. Uma perda já está difícil de aguentar, duas seria insuportável. Os pais do Carlinhos estão mais calmos hoje. Sempre que saem levam a Sophia junto. Ela está tranqüilizando eles.
HBSVP – Que mensagem o Sr. gostaria de deixar para quem está nos acompanhando agora?
Sinval Espíndola Pires: A respeito de crianças nas águas, eu gostaria de deixar um alerta. Deixe suas crianças chorando em casa para não chorar por elas depois. E sobre o hospital eu volto a dizer: Pra minha é a família São Vicente. Quero agradecer a todos os médicos. Quero agradecer de coração a todos. No que depender de mim, no que o hospital precisar, eu estarei de braços abertos para ajudar. Muito obrigado.